O espírito natalício

Ainda há alguns dias estava a ouvir o programa «Antena Aberta» na RDP-Açores, a caminho de casa depois de um dia de trabalho, e dei por mim a prestar atenção à discussão melancólica e nostálgica sobre a perda de significação da Consoada, com todos os adjectivos depreciativos sobre a nossa sociedade moderna que daí advém.

«hipocrisia», «consumismo», «consumista», «vazio de significado», «superficial», etc. etc., todos estes foram epítetos utilizados para caracterizar o Natal dos nossos dias, em detrimento de um Natal edílico, santo, religioso e bastante comunitário a que os diversos intervenientes na discussão se aludiam e reportavam.

E dei por mim a pensar que vivemos num Natal pagão, onde as compras e as ofertas são o mais importante da festa, em que os manjares e as mesas recheadas são mais importantes que o convívio familiar e de amizade, e que isto é tudo uma farsa e o espírito do Natal foi, deveras, corrompido de vez.

E depois pensei: ainda bem! Ainda bem que não temos o menino Jesus a distribuir prendas, mas sim um velho bonacheirão que nos julga consoante a nossa actuação ao longo do ano - os meninos que se portam bem, têm muitas ofertas; os que se portam mal, têm poucas ou nenhumas. Mas que melhor exemplo moral para que nos portemos bem. O que é que esperavam? «Se te portares bem, na noite da Consoada recebes um beijinho e muitos desejos de felicidade!»? 

Mas que Natal é esse? Que Natal triste não era a celebração do nascimento do salvador do mundo com apenas umas iscas de bacalhau no prato e alguns pequeno luxos que agora se compram no hiper por tuta e meia.

Que Natal queriam? Um Natal onde o que importa é a união das pessoas em torno de uma mesa despida? Em que o sentimento era tudo e tudo era o mais importante? 

Oiço as pessoas mais velhas falarem do verdadeiro espírito de Natal e reparo, com tristeza, que falam de um tempo de miséria, de necessidades, de um tempo onde a única oferta era uma fatia de massa sovada que a mãe cozinhava no forno de lenha às escondidas - luxo de gastos que o restante tempo diário não permitia?

Que Natal era esse onde se ia à missa do Galo prestar homenagem a um bebé que não trazia nada de bom ao mundo senão o acto da criação do seu pai (há milhares de anos atrás) e muita fome, miséria e pobreza?

Olhando para trás e para agora, sinto-me muito feliz por ter nascido numa época em que o Natal tem que ver com mesa farta, prendas, brincadeiras e mimos extra por não nos termos tornado toxicodependentes ao longo do ano, por não termos perdido o ano lectivo ou por não termos feito algo que fosse socialmente reprovável.

Isto é que é o Natal: um balanço final, feito por um homem gordo de vermelho e branco (patrocinado pela Coca-Cola), em que todos recebemos alguma coisa: porque todos somos humanos e passíveis de falharmos.

O que quero no Natal é «closure», uma certa paz de alma e uma certa ordenância do caos que me rodeia. Nem que essa ordem venha no formato de ofertas e de jantares e de bebida e de risos e de gargalhadas e de bebedeiras. Não me importo.

Importo-me, isso sim, que o meu vizinho passe fome o ano inteiro e as Associações humanitárias e demais instituições públicas e sociais só lembrem dele quando estamos nesta «quadra» de amor, paz e felicidade.

bem hajas, Pai Natal

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Tradução















Intriga-me a falta de atenção e displicência com que são tratados alguns pormenores que, não sendo de mor importância, definem muito o nível de qualidade e profissionalismo das actividades e dos projectos. Então «Bagagem União Europeia» é a mesma coisa que «União Europeia Baggage». Não existe a European Union?

É isto que somos... num aeroporto, a sinalética foi decerto encomendada a alguém conhecido que até se desenrasca no inglês? Deu jeito para ganhar uns trocos? Ou temos mesmo um tradutor profissional deste calibre a trabalhar na ilha? 

Entristece-me.

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E.U.A. - Comunidades

Nos dias 5, 6 e  7  de Dezembro, reuniu-se em São José da Califórnia, o grupo de trabalho informal de jovens, do qual sou mandatário, para se trabalhar em prol de uma maior aproximação entre os Açores e as Comunidades, nomeadamente no que diz respeito às associações espalhadas pela nossa Diáspora.

Não comentando aqui com detalhe o medo que tenho de voar e o quanto me custou aceitar viajar entre Terceira/Lisboa; Lisboa/Frankfurt; Frankfurt/Denver; Denver/San José num só dia, a verdade é que a reunião saldou-se muito positiva e os resultados, na minha modesta opinião, são bastante interessantes.

Mas a razão deste post prende-se com a percepção das comunidades portuguesas (em especial as açorianas) nos Estados Unidos da América. Existem comunidades espalhadas por todos os estados, é verdade, e também cada comunidade acabou - ao longo do tempo - por se ir dispersando na criação de associações que congregassem no mesmo espaço os membros dessas comunidades. Desde Casas dos Açores, Casas do Benfica, do Sporting, Centros de Convívio, etc., a verdade é que desde os 1800s, que os portugueses têm vindo a criar um espaço muito próprio e integrado na sociedade norte-americana, mantendo, no entanto, elementos muito característicos da sua cultura.

Onde antes se via uma emigração não-qualificada, altamente religiosa e tradicionalista, que tentou manter inalterados os valores da terra que foi obrigada a abandonar por falta de condições de vida. Compreende-se, portanto, que a visão que os emigrantes das primeiras gerações têm dos Açores seja ainda uma muito apegada ao passado, filtrada por um olhar de saudade e de embelezamento, normal em todas as evocações de memória do ser humano.

E daí que o Governo Regional dos Açores tenha acabado por fazer a vontade a tantos emigrantes, oferecendo-lhes não só as condições para a manutenção das actividades culturais que costumavam realizar nas ilhas, como também agraciando-os com visitas e representações oficiais do governo, trazendo consigo artistas que congregavam a continuidade dessa mesma visão saudosa dos Açores.

No entanto, e graças às mudanças operadas nos últimos doze anos nos Açores, a realidade do arquipélago foi-se alterando, foi-se modernizando e adaptando às exigências do mundo contemporâneo (por vezes bem, outras nem tanto, é certo) de tal forma que aqueles emigrantes que continuam a visitar regularmente os Açores detêm uma visão da realidade mais actual e condizente com o avanço do nosso arquipélago. 

E os que não mais voltaram a casa, ou cuja última viagem foi há mais de doze anos, acabam por cristalizar essa visão dos Açores, transportando-a depois para as manifestações sociais, culturais e religiosas que são realizadas na Diáspora da América do Norte. São estes, ou grande parte destes, os emigrantes que detêm o poder  (senão todo, pelo menos parte) das associações de que fazem parte. Como tal, logicamente, assiste-se a um desfazamento entre o que é a realidade açoriana contemporânea e a visão das coisas destes emigrantes.

Até aqui tudo bem, no sentido que a saudade e o embelezamento do passado não trará grandes males ao mundo. Mas a verdade é que a maioria destas associações e organizações começam a deparar-se com grandes dificuldades, nomeadamente na angariação de jovens para a pertença e participação nas suas actividades. Associações há que organizam festas em que os jovens presentes (salvo as excepções, é claro) têm menos de dezoito anos. Porquê? Porque os pais os obrigam a participar e a assistir às festividades. Mas, à mínima hipótese que têm de não voltar a pôr os pés na Casa dos Açores da sua zona, desaparecem e perdem a única porta de informação acerca do seu passado e contacto com o património histórico português (e açoriano, no enfoque deste post).

Ora bem, a emigração para o norte da América está praticamente estagnada e, quando a há, é feita por pessoas com maiores qualificações cujo intuito das suas viagens se prende maioritariamente com trabalhos de investigação, bolsas de leccionação e outras demais actividades muito definidas no tempo e, portanto, voláteis.

Há a necessidade (e as pessoas encarregues das associações dizem-no) e a urgência de se definir novos modelos de actuação e imprimir nas comunidades açorianas da Diáspora o sentido de integração dos mais jovens nas suas associações (e respectivas direcções), até porque a não renovação implica necessariamente a morte.

Existem muitos grupos de trabalho e associações cuja função é precisamente aumentar a interacção entre os jovens e as associações criadas pelos emigrantes, numa «passagem de testemunho» que se tem revelado cada vez mais essencial e vital à manutenção das estruturas criadas ao longo do tempo.

Se antes, por alguma dificuldade de integração na comunidade norte-americana, os nossos emigrantes açorianos sentiram necessidade de criarem associações para promoverem a interacção entre os seus, agora, fruto da globalização, do acesso à informação e da qualificação dos filhos dos emigrantes, o interesse dos jovens nestas associações é pouco ou nenhum.

Contudo, para que se opere uma mudança de verdade no seio da comunidade portuguesa, e mais especificamente na integração e renovação dos jovens nos movimentos associativos da Diáspora, é necessário dar-se espaço para que os jovens sintam as associações como parte deles e aceitem trabalhar nelas. E é condição vital que os mais velhos abram de uma vez por todas os olhos e os seus horizontes, e apostem nesta nova geração não como um acto de bondade ou caridade, mas como um investimento no futuro e uma aposta na continuação e renovação.

Denver, Colorado, 7 de Dezembro, 12:50

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Erro de Sistema II
















Caríssimos,

o nosso programa, Erro de Sistema, está disponível em deferido no seguinte endereço:


este link servirá decerto àqueles que, como muita boa gente, tem mais do que fazer do que esperar pelas 15h20 aos Sábados para ouvir-nos três macacos a falar sobre nada e coisa alguma. Assim, nada melhor do que poder ouvir em deferido.

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Lição de Português - PSD

Recentemente, a iluminada líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, disse publicamente que talvez não fosse uma má ideia haver um espaço de 6 meses onde não haveria democracia para que fosse mais fácil a implementação de medidas pouco-populares e, segundo ela, necessárias para fazer avançar o país.

O PS apressou-se a considerar o comentário como sendo indicador de uma política quase-fascista, evocando medos passados de um regime que em nada abona a favor do nosso país. Normal, tendo em conta que a forma como a líder social-democrata colocou a questão. É que, embora esse possa ser o pensamento de alguns dos nossos governantes (incluindo os do PS), a verdade é que afirmá-lo publicamente é um enorme «tiro no pé» porque o povo gosta mas o politicamente correcto não.

Agora, o que me irritou profundamente foi o PSD ter vindo a público tentar desfazer o que a Leitinha tinha (ehehe, uma aliteração bonitinha) feito. Isto é, dar o dito por não dito e esclarecer que, afinal, o que a senhora tinha feito tinha sido «ironia».

OH... a ironia agora faz-se de cara séria, profundamente convicto daquilo que se está a dizer, não dando ao público uma qualquer noção de que o conteúdo da mensagem não é para ser levado a sério. Muito bem. A dra. Manuela Ferreira Leite fez das duas uma:

a) ou inventou uma nova forma de fazer ironia, que ainda não é completamente compreendida por todas as pessoas e, como tal, necessita de um «side-quick» para vir explicar-nos do que se trata;

b) ou afinal não era aquilo que ela queria dizer.

De qualquer das formas, o que me irritou profundamente foi ver um líder dizer o que pensa e logo a seguir vir a sua «assessoria» tomar-nos por tolos e ignorantes e pensar que dizer que foi «ironia» é suficiente para nos tapar o sol.

Detesto que me tratem como um néscio.

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Erro de Sistema

Car@s


a partir do dia 8 de Novembro de 2008, na RDP-Açores, existe um novo programa de rádio intitulado Erro de Sistema e que vai para o ar pelas 15h20m. 

Este programa é feito por mim, Rogério Sousa, pelo Pedro Pereira, psicólogo, e pelo Paulo Noval, professor do secundário.

A ideia do programa é a de ser um espaço informal de debate e conversa, intercalado com um apontamento musical à nossa escolha e completamente aleatório, que trará aos ouvintes conversas, ideias, desabafos e alguma brincadeira às tardes de Sábado na RDP.

Por isso, se gostam de ouvir rádio, e especialmente, se gostam de ouvir 3 macacos a não dizerem nada de interessante, ocupando assim o espaço da rádio, façam favor, sintonizem a RDP-Açores (99.7 FM) se estiverem na ilha Terceira, ou então vão a http://ww1.rtp.pt/radio/t e seleccionem RDP-Açores/Antena 1, opção «ouvir emissão»

Rogério

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iPHODA-SE

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A Academia de Juventude da Terceira - um espaço voltado para o futuro

Ao longo do ano de 2009 ficará concluída aquela que será a primeira Academia de Juventude dos Açores – a Academia de Juventude da ilha Terceira. Um projecto deveras estruturante para a juventude terceirense – realizado em parceria entre o Governo Regional e a Câmara Municipal da Praia da Vitória –, na medida em que congregará, num mesmo espaço, valências de apoio à criação juvenil, um posto de informação juvenil, um gabinete de apoio às toxicodependências, o Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta entre outras infra-estruturas.

Esta academia será também equipada com duas oficinas de criação de artes plásticas (com fornos eléctricos para cozedura), uma zona de espectáculos com palco ajustável ao público, um estúdio de gravação de áudio e um estúdio de produção de vídeo, e ainda duas salas de ensaio à prova de som, que estarão disponíveis para as mais variadas colectividades de jovens, sejam elas musicais, teatrais, associativas, ou outras.


Para além da Academia de Juventude, o Governo Regional apoiou e desenvolveu o Labjovem, o primeiro concurso regional de jovens artistas, que se encontra presentemente na fase da mostra dos trabalhos seleccionados e que, pela mais de centena de projectos a concurso, atestou a pujança criativa dos jovens açorianos.


Uma terceira fase deste projecto de apoio à criação tem que ver com o desenvolvimento – com base nas infra-estruturas e os artistas emergentes do concurso regional de jovens artistas – de workshops criativas, formações, site specifics e outras acções formativas que pretenderão a congregação e a troca de experiências entre os jovens artistas açorianos, o continente português, a Europa e as comunidades.


Aliás, a promoção cultural tem sido uma grande aposta do Governo Regional dos Açores, que se materializa não só na recolha e no apoio concedido aos artistas da ilha, como também na construção da nova Biblioteca e Arquivo de Angra do Heroísmo, uma obra que se encontra neste momento em fase de selecção dos consórcios de construção e que brevemente fornecerá um serviço público de inestimável valor ao povo terceirense.


Sendo a juventude uma área transversal a toda a governação socialista ao longo destas legislaturas, é natural que o Governo Regional esteja preocupado com as suas mais diversas valências, nomeadamente a defesa e materialização dos conceitos da emancipação dos jovens e da participação na sociedade, o que no caso da emancipação dos jovens passa pela inclusão das matérias de promoção de hábitos de vida saudáveis e de prevenção primária proactivas, incentivo à livre iniciativa e ao empreendorismo dos jovens, bem como por um incremento de políticas de coesão social e territorial.


Deste modo, e não descurando outros objectivos globais descritos em outras áreas de actuação governativa, os objectivos definidos em matéria de juventude são desenvolvidos em torno dos seguintes conceitos chave: cidadania e participação; educação não formal; emancipação jovem; mobilidade; cooperação.


Assim, na área da juventude, o Governo prevê a implementação de programas de cidadania como o «Fórum Jovem – Escola de Cidadania”; a criação de um novo programa de incentivo ao voluntariado; a criação de um sistema de validação e reconhecimento de competências adquiridas por via de experiências de educação não formal e informal; a criação da rede de oficinas de criação com a designação “Criatividade + Juventude = Oficinas de Criação”.


Desta forma, como podemos constatar, o compromisso assumido pelo Governo Regional com a juventude e a cultura é um compromisso que foi, está a ser e será cumprido na próxima legislatura do Partido Socialista.


A Academia de Juventude é, como podemos constatar, apenas um exemplo da concretização efectiva deste compromisso.

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Estagiar L no Continente?

A Juventude Social Democrata está preocupada com a juventude açoriana. Tão preocupada com a situação, que propôs a aplicação dos critérios do Estagiar L semelhantes aos critérios do continente.

Impõe-se a pergunta: QUE ESTAGIAR L no continente?

Estes gajos andam a dormir. O Estagiar L é uma criação do Governo Regional, que viu neste programa uma forma de incentivar a empregabilidade dos jovens açorianos. É certo que algumas empresas servem-se deste programa para empregar (a custo quase 0) vários jovens ao longo de períodos de 6 meses. Isto tem que ver com uma base cultural deplorável e contra a qual nos devemos insurgir.

Agora, que JSD é esta? Apresenta propostas com base em programas que não existem? Não será melhor (tal como já tinha dito publicamente) os miúdos da JSD fazerem o trabalho de casa e depois virem falar para a televisão??


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MOSTRA LABJOVEM 2008

































No próximo dia 29 de Agosto, no Teatro Micaelense, pelas 17h30, será o lançamento oficial da Mostra Labjovem 2008, que levará às ilhas da Terceira, São Miguel, Pico e Flores alguns dos projectos seleccionados no Concurso Labjovem 2007.

Para mais informações: www.labjovem.pt

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O Comunicado do nosso Presidente

No dia 31 de Julho de 2008, pelas 19h00, hora dos Açores, o Presidente da República Portuguesa fez uma comunicação ao país importante. Tão importante que foi necessário interromper as suas preciosas férias para a fazer.

E de que tratava a comunicação? Um estado de emergência? Uma declaração de estado de sítio? Todo o país ficou em expectativa acerca do conteúdo da comunicação, uma vez que tal não é usual senão com razões de grande importância e relevância para o país.

Ficámos descansados por saber que não se tratava da declaração de estado de sítio nem nada do género. Afinal, tratava-se apenas de uma declaração de intenções ao país, na qual o PR revelou mais uma vez ser uma pessoa de visão curta e estigmatizada no que concerne às autonomias regionais e ao papel que o próprio desempenha nos destinos das mesmas.

É que, ao invés de explicar as razões que levaram o Tribunal Constitucional a declarar inconstitucionais 8 das 13 normas do estatuto político-administrativo dos Açores que suscitaram dúvidas, embora não fosse tal da sua incumbência, o PR veio apenas falar de outras normas do estatuto com as quais não concorda.

O grande problema da sua comunicação não é o de vir a público revelar as suas reservas quanto às normas do estatuto. A questão é que se trata de um estatuto que foi aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa Regional e na Assembleia da República e apenas reprovada pelo Tribunal Constitucional nas tais 8 normas.

Assim, que o PR tenha reservas, tudo bem. Não haverá mal ao mundo. Mas interromper as suas férias e fazer uma comunicação oficial ao país para explicar que, não se tratando das questões levantadas pelo Tribunal Constitucional, existem ainda outras questões políticas com as quais não concorda, isso é que é de estranhar.

Então o PR não tem mais que fazer que vir a público declarar-se contra a posição do Governo Regional em querer ser ouvido - na figura do seu Presidente da Assembleia Legislativa - nos casos da dissolução da dita assembleia?

Não há mais que fazer que tentar (numa linguagem polida e altamente complexa) dar a conhecer a sua visão da autonomia regional dos Açores? Usando para isso a declaração ao país? Fazendo com que 10 milhões de pessoas o ouvissem para apenas 1% perceber de que se trata?

E a imagem (se calhar propositada) que passa para a opinião pública é a de que os Açores querem mais autonomia (como se fosse algo mau) e que tal não está de acordo com a opinião do Presidente.

Quando a totalidade dos deputados da Assembleia Legislativa dos Açores e da Assembleia da República não viram qualquer problema nas questões que o PR levantou, fica a dúvida. Será que todos os deputados são cegos-surdos-mudos e andaram com um estatuto nas mãos que não leram?

Ou será mesmo uma questão de opinião pessoal do PR, fazendo-se valer dos seus poderes para limitar a voz da autonomia regional dos Açores no cômputo geral do país?

A ver vamos.

http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=18958

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Linux "Elive Gem"

Elive Gem é um sistema operativo cuja única funcionalidade (e a melhor, decerto) é a de oferecer um interface gráfico bonito, artístico e de morrer por mais. Para além disso, é um sistema facílimo de instalar e leve, muito leve, para ser usado.

Pode ser instalado numa máquina mais antiga, é opensource, vem com "montes" de aplicações instaladas - pelas quais não teremos de pagar - e apresenta muitas mais em desenvolvimento. Para quem percebe de programação, é excelente porque é leve e perfeitamente adaptável às necessidades de cada utilizador.

http://www.elivecd.org/

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Entrevista a Marilyn Manson

A admiração que temos pelas pessoas que são nossos exemplos sofre, ao longo da nossa vida, inevitáveis altos e baixos cujas consequências directas na nossa maneira de ser, fruto do olhar que temos sobre as mesmas, poderá ser de maior ou menor importância para o nosso dia-a-dia. Exemplo disto é a forma natural com que os filhos se vão apercebendo de que os seus pais não são afinal super-homens nem super-mulheres e que têm, naturalmente, defeitos como todas as pessoas.

Da mesma forma, os artistas que admiramos também são - como de outra forma não seria de esperar - faliveis e (por vezes) grandes burros vestidos. Como humanos que são, a sua veia artística não está sempre nos seus melhores dias e falha. É o caso desta entrevista de Marilyn Manson no David Letterman Show.

Depois de ter visto muitas entrevistas e aparições públicas de Marilyn na televisão, criei uma imagem de eloquência e argumentação que, como podemos verificar neste vídeo, não corresponde nada à realidade.


Fica a dúvida... será que ele só é forte e arrogante quando controla o espaço e as variáveis à sua volta? É porque, neste excerto, dá claramente para ver o ridículo em que se coloca a fraca capacidade de contra-gozar com um velho caquético como o David Letterman.


Se fosse contra o Jon Stewart, eu aceitava... mas contra esta coruja?

Paciência... se calhar sou eu que já não tenho pachorra para pseudo-artistas.

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Okkervil River - For Real



Some nights I thirst for real blood,
for real knives,
for real cries.

And then the flash of steel from real guns,
in real life
really fills my mind.

Then I really miss what really did exist
when I held your throat so tight.
And I miss the bus as it swerved from us
and almost came crashing to its side.

Sometimes the blood from real cuts
feels real nice
when it's really mine.

And if you want it to be real,
come over for a night,
we can really, really climb.

And those blue bridge lights might really burn most bright
while we watch that dark lake rise.
And if you really want to see what really matters most to me,
we can just take a real short drive.

Just a drive into the dark stretch,
long stretch of night,
will really stretch this shaking mind.

And this room, unlit, unheated,
and the ceiling striped,
and the dark black blinds.

I want to know this time if you're really finally mine
I need to know that you're not lying,
and so I want to see you tried.

And I don't want to hear you say
it shouldn't really be this way,
because I like this way just fine.

And there's nothing quite like the blinding light
when that curtain's cast aside,

and no attempt is made to explain away
the things that really, really, really ought to hide

you can't hide...
you can't hide...

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O Ridículo da Coisa

Recentemente, A AJITER - Associação Juvenil da Ilha Terceira - ameaçou levar a tribunal qualquer fotógrafo ou operador de câmara que fizesse uso comercial de imagens da sua marcha , recolhidas durante a apresentação nas Sanjoaninas de 2008.

Aparentemente, num comunicado prévio aos órgãos de comunicação social, o presidente da associação explicou ter cedido os direitos de imagem da marcha da AJITER a uma empresa (embora não para fins comerciais) e, como tal, socorrendo-se da Constituição da República, ameça levar a tribunal quem usar para fins comerciais as imagens da marcha.

Uma marcha das Sanjoaninas é uma actividade supostamente livre e voluntária, na qual as pessoas envolvidas não só pagam pelas suas roupas como também pela sua deslocação (gasolina, desgaste do carro, comidas fora) e, não tendo qualquer benesse a nível de dispensa de trabalho, abrilhantam uma festa popular que, de outra forma, não teria o elevado número de participantes como tem.

Ora, sendo a AJITER uma associação (supostamente) sem fins lucrativos e, como tal, alimentada dos seus (poucos) sócios através de um sistema de voluntariado, na minha opinião, é muito estranho que tenham "cedido" a sua imagem a uma empresa para, e aqui é ainda mais estranho, a empresa não fazer dinheiro com essa cedência. Para além disso, por que razão fez a AJITER uma marcha? Para que se sujeitaram a marchar livremente nas ruas da cidade, com pessoas a fotografarem, a RTP-Açores a transmitir em directo (será que este caso não conta como uma actividade que gera lucros? - estará a AJITER a pensar em processar a RTP-Açores?, pois, se calhar aqui entra o argumento de que é uma televisão regional).
Se calhar, o problema é mesmo serem empresas privadas... será que a AJITER obrigou a Via Oceânica a não transmitir a sua marcha??? heheheh.
Concluindo, esta é uma "birrazinha" de um dirigente associativo com sede de protagonismo e que faz tudo para conseguir um lugar de destaque na comunicação social.
Como se a marcha da AJITER fosse o "ex-libris" que toda a gente quer ver...
E, sendo a AJITER uma associação que tem poucos mais sócios do que os necessários para a composição de uma marcha, fica a ideia de que esta questão da imagem tem mais que ver com não quererem tirar uma fotografia de grupo sem que possam estar todos sorridentes e alinhados lado a lado.
Verdeiramente, a pequenez tem as suas manifestações caricatas.
Especialmente quando um dirigente associativo, que tanto estava a aparecer na comunicação social, queima todos os seus cartuxos comprando uma guerra da qual sairá completamente agastado e sem possibilidade de renovação.
Parece-me, a mim, na minha modestíssima opinião, que isto não passa de um «estômago danado» como se refere Marte a Baco quando este não quer que os Portugueses sigam o seu caminho para a Índia, n'Os Lusíadas.
Como alguém uma vez disse: «mentes grandes, discutem ideias; mentes medianas discutem eventos; mentes medíocres discutem pessoas.»
Neste caso, imagens de pessoas :-)

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A Falácia do Ensino do Português

No dia 16 de Junho de 2008 realizou-se mais um exame nacional da disciplina de Português em todo o território nacional e ilhas. Desta vez, o conteúdo da prova incidiu sobre Os Lusíadas, mais particularmente sobre o episódio da Ilha dos Amores. Para muitos dos alunos do 12º ano, este foi um exame de engano. Um engano que, para muitas pessoas, não faz qualquer sentido. E um engano que é sintomático do estado não só do ensino do Português em Portugal, como também de uma atitude portuguesa que se encontra impressa na nossa «identidade nacional» desde há muito.

Então, qual é o problema? No programa do 12º ano de Português, Os Lusíadas são ensinados em comparação e análise com a obra dA Mensagem de Fernando Pessoa. Servem ora de contraste ora de confirmação daquilo que o poeta português anuncia do descrédito e o estado moribundo do nosso país na primeira metade do séc. xx. Ora bem, introduzir Os Lusíadas como análise de texto independente é não só desonesto da parte do Ministério da Educação, como revela uma grande tendência portuguesa para dificultar a vida aos alunos e criar obstáculos à sua formação e natural evolução.

Ora vejamos: Eça de Queirós. Um grande escritor, cuja obra é analisada e estudada no programa do 11º ano. Há um conjunto de matérias que têm de ser ensinadas aos alunos: a sociedade portuguesa do séc. xix, as suas personagens e personalidades, as suas mesquinhices, a decrepitude, o marasmo social, a apatia, etc. No entanto, de todas as obras do escritor que tratam estes assuntos - sim, porque são quase todas - qual foi a escolhida para ser o paradigma queirosiano no secundário? OS MAIAS. Nem mais: a maior, a mais chata e menos interessante, a mais maçuda, complicada e cheia de descrições de todas as obras. O Crime do Padre Amaro, A Relíquia, A Capital, A Cidade e as Serras, todas estas não interessam. Qual é a que escolhemos? OS MAIAS.

Vergílio Ferreira. Outro grande escritor, cuja obra é analisada e estudada no programa do 12º ano. De novo, um conjunto de conceitos a ser ensinados aos alunos: a morte, o tempo que nunca se repete, a saudade, a tristeza da condição e da miséria humana, os que já partiram, o passado, etc. No entanto, de novo, de todas as obras do escritor que tratam estes assuntos - sim, porque são muitas as que tratam este assunto - qual foi a escolhida para paradigma vergiliano no secundário? APARIÇÃO. Nem mais: o existencialismo sartriano, o modernismo do séc. xx, as questões da condição humana - perecível, degradada - e todas as restantes questões e a mais complicada de todas as suas obras. Em Nome da Terra, Cartas a Sandra, Até ao Fim, todas estas não interessa. Qual é a que escolhemos? Qual é a mais complicada? APARIÇÃO

José Saramago. Único prémio Nobel da literatura em Portugal. Sem dúvida um grande escritor, cuja obra decidimos introduzir no estudo do 12º ano. De novo, e como uma recorrência, um conjunto de conceitos a serem ensinados aos alunos: a reescrita da história, as particularidades do narrador, a visão crítica do homem contemporâneo, a humanidade do narrador, a particularidade do discurso narrativo com as subversões Às regras de apresentação do discurso directo e a subordinação das ideias, a pequenez do homem em face da história e do tempo, a opressão da igreja católica ao longo dos tempos, os anacronismos narrativos, etc. No entanto, e mais uma recorrência, de todas as obras que tratam alguns destes assuntos - sim, porque estes assuntos são recorrentes na vastíssima obra de Saramago - qual foi a escolhida para paradigma saramaguiano no secundário? MEMORIAL DO CONVENTO. Nem mais: extensa, descritiva, anacrónica, de assunto desinteressante para jovens do secundário, complexa, a mais "chata" de todas as suas obras. O Ano da Morte de Ricardo Reis (que poderia ser analisado em complementaridade com a poesia de Fernando Pessoa e os heterónimos); O Evangelho Segundo Jesus Cristo (com a reescrita da história, a humanidade do narrador, e outras); O Ensaio Sobre a Cegueira (com o modernismo, a condição ferozmente animalesca do homem, a humanidade e a esperança no futuro do narrador, etc.); O Ensaio Sobre a Lucidez (sobre a importância do voto e da participação cívica dos cidadãos, etc.); O Levantado do Chão (sobre os latifundiários do Alentejo e a preparação do 25 de Abril...); nada disto conta. NADA. Qual é a que escolhemos? Qual é a mais secante, complexa e mágica história para entalarmos os miúdos e atrasarmos as suas competências???? Qual é, qual é? O MEMORIAL DO CONVENTO

E este problema verte para as mais diversas franjas da nossa sociedade, com o sentimento do complicar, da burocracia, da complexidade, do tamanho e dificuldade do que se ensina. É isto que perpassa toda esta nossa atitude portuguesa de complicação. Não queremos que os miúdos passem o secundário de uma forma natural. Queremos que eles sofram, que eles suem e que chorem durante todo o percurso. Que matem a cabeça a ler textos e autores que, no mínimo, fá-los-ão NUNCA mais quererem ler semelhantes autores.

Enquanto não assumirmos efectivamente que o ensino deverá ser por competências, independentemente dos conteúdos (tal como cada vez mais acontece nas escolas profissionais e técnicas), não sairemos desta cepa torta. Esta corja de interesses editoriais e ministeriais, uma cultura de aparente dificuldade, quando os países do mundo já perceberam que não se julgam as obras pela sua dificuldade de compreensão.

Esta é a falácia do ensino do Português: para além de falsamente orientados para as competências, os alunos aprendem conteúdos, estáticos e apresentados sem interesse nas salas de aulas, respondendo a testes que obedecem à estrutura dos exames nacionais, como se de um treino para uma maratona se tratasse. Não interessa que os alunos sejam criativos e flexíveis o suficiente para se adaptarem a novas realidades literárias. não interessa que os alunos aprendam outros textos, mais voltados para a realidade (sem esquecer que, no caso de Saramago já há o filme do Ensaio Sobre a Cegueira; e já existem 2 filmes sobre O Crime do Padre Amaro, um deles até português). Não interessa nada disso. Interessa a manutenção de um status quo que para sempre levará os alunos à angústia dos exames nacionais e ao estudo «marrado» para cumprirem os trâmites formais dos exames.

E daí, complicam-se as coisas. Vamos a colocar Os Lusíadas sem exercício comparativo com A Mensagem. Assim, os miúdos não estão à espera e espetam-se... heheheheh.

Muito bem. São estes os nossos líderes.

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A Geração dos «Peter Pan»'s

As transformações culturais e sociais que o mundo tem vindo a sofrer nas últimas décadas reequacionaram os tecidos empresariais, as interacções sócio-culturais, as trocas comerciais internas e externas, e colocaram em questão conceitos que eram tidos por todos como relativamente estáveis.

O aumento da esperança média de vida obrigou a uma reestruturação dos limites de idade das etapas da vida de um indivíduo. Hoje, é-se jovem até aos 35 anos, consoante a classificação que se quer adoptar, e trabalha-se até à idade com que antigamente se gozava há muito a reforma.

Com a melhoria das condições de vida nos países industrializados chegaram também maiores exigências de qualificação para o primeiro emprego que aumentaram em muitos anos a idade com que os jovens saem de casa de seus pais.

Actualmente, após um período cada vez mais alargado de especialização e de qualificação, os jovens enfrentam um mercado de emprego altamente competitivo e qualificado, que os obriga a uma maior dependência em face dos progenitores. Assim, o abandono da casa dos pais faz-se cada vez mais tarde, o que comporta maiores encargos às famílias e, consequentemente, uma redução do número de descendentes.

Não obstante, ao saírem de casa dos pais mais tarde, a contribuição que esses jovens poderiam ter para a economia imobiliária, para o mercado de emprego, para a qualificação e desenvolvimento da sociedade faz-se também mais tarde. A emancipação dos jovens torna-se cada vez mais tardia e o papel que os mesmos assumem na sociedade é adiado e hipotecado.

Contudo, e para que se possam emancipar, são necessárias condições sociais que permitam a aquisição de uma primeira habitação, é necessário existir uma certa estabilidade ou garantia de empregabilidade que permitam aos jovens a assunção do risco com autonomia e confiança num futuro que, embora incerto, é indiscutivelmente deles.

Enquanto essa emancipação não ocorre, a economia torna-se refém dos que se encontram no mercado de trabalho, contribuindo ao mesmo tempo para os que ainda não trabalham e para os que já deixaram de o fazer.

Para que ocorra essa emancipação é necessário que os jovens assumam o risco do papel que terão que desempenhar na construção do seu futuro. É urgente a redefinição do conceito de «emprego para a vida», de «pertença de um qualquer quadro», da antiga ideia de «funcionário público e estável». O mundo está menos estável e mais mutável, mais flexível, assim como os empregos que oferece. É preciso que o empreendedorismo faça parte da nossa sociedade como garante das condições de risco para a emancipação dos jovens e entrada no mercado social e económico.

Essa entrada é, per se, um factor de inovação e de mudança. Um factor que contribuirá para o desenvolvimento social, económico e cultural da nossa sociedade. Para tal, há que redefinir conceitos, de acompanhar a moldura presente de empregabilidade e perspectiva de futuro. No entanto, são igualmente necessárias condições para que tal ocorra. As condições são da responsabilidade dos governos. A vontade, dos jovens.

Enquanto esta emancipação não se verificar, viveremos numa geração em «pausa» e hipotecada, que padece daquela que é a síndrome de Peter Pan. Tal como conhecemos da história do Walt Disney, e mais tarde adaptada à terminologia psicológica, Peter Pan era aquele «eterno miúdo» que se recusava a crescer, que não queria ser adulto, que queria ser eternamente jovem.

Pois bem, enquanto os jovens não sentirem que podem arriscar a serem adultos, os pais vão ter muito que se preocupar e pouco dinheiro para gozar da reforma, reféns que estarão da manutenção da qualidade de vida dos filhos que não conseguem sair de casa.

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Tourette's

Ruído... poluição sonora de todos os lados... onde está o oxigénio para os meus pulmões? onde estão as cores e os verdes para as minhas pupilas... onde está a suavidade da tua voz para acalmar os meus impulsos nervosos? onde está o raiar do teu sorriso? o teu lindo sorriso que me faz sorrir de volta na certeza de que a minha vida não teria sentido sem ti? onde estás? onde estou?


tourette

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A Globalização de Mourinho

Nunca me entrou bem na cabeça as duas atitudes extremas: ou a completa renúncia da nossa língua, ou o chauvinismo linguístico (que tão bem caracteriza os norte-americanos) de nunca utilizar outra língua que não a nossa - independentemente do sítio onde nos encontramos.

Como interessado por questões linguísticas, compreendo a estratégia de sobrevivência de «em Roma faz-te romano». Trata-se de um mecanismo de adaptação que importa fomentar e assegurar, sob pena de nos sentirmos sempre ostracizados onde quer que nos encontremos que não no nosso país de origem.

No entanto, ao assistir à conferência de imprensa de José Mourinho, fiquei sem saber o que pensar e o que sentir. Ao levar a máxima à letra, Mourinho passou efectivamente a ser romano. Pelo menos tentou. Mas tentou de uma forma tão desastrada que apetecia chorar. Pior do que uma ovelha é um lobo a tentar passar por ovelha.

Mourinho balbuciou um emaranhado de galego-português misturado com castelhano, francês e, eventualmente, uma ou outra expressão ou palavra em italianês.

Mas o pior de tudo, o que me fez sentir pena, foi a atitude de grandiosidade com que aquele homem se recusou a falar em português (uma vez que agora é treinador de uma equipa italiana) ou em inglês. Para não perder o seu novo italianês. Pois bem, bom bom era que nunca mais voltasses a ser português.

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O pessoal está todo louco!

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A arte de não se ser artista

A protagonista da série televisiva Hannah Montana, Miley Cyrus, veio pedir desculpas publicamente por ter autorizado a publicação de uma fotografia sua na revista Vanity Fair a qual era, segundo alguns críticos norte-americanos, de cariz demasiado sensual para uma rapariga de quinze anos de idade.

Uma semana antes, a mesma actriz tinha afirmado que a sessão fotográfica decorrera não só na presença de seu pai, o conhecido cantor Billy Ray Cyrus, como também não achara que a foto fosse de algum modo vulgar ou provocatória.

Contudo, uma semana depois, a mais recente coqueluche da Disney deu o dito por não dito e pediu desculpas pela publicação da sua fotografia na revista. E nem facto de a fotógrafa ter sido Annie Leibovitz (que já fotografou Mikhail Gorbachev, Demi Moore, John Lennon e Yoko Ono, entre outros) tornou o caso menos polémico. O substrato retrógado-puritano norte-americano inflamou-se e este «escândalo» tomou proporções verdadeiramente alarmistas.

A hipocrisia puritana do assexuado e asséptico a que a sociedade norte-americana nos tem habituado ao nível do discurso, embora exageradamente desfasado da prática, não me preocupa per se. A história tem-nos ensinado que os velhos hábitos custam a desaparecer. Mas, neste caso, o que me preocupa é que, por detrás de uma foto artística (e aqui importa referir que a fotografia é de perfil e só se vislumbram algumas formas das costas da jovem actriz) se escondam agendas políticas conservadoras que continuam a centrar as atenções no ser humano por detrás do artista e não na arte para além do ser humano.

Isto é, o que está em causa não é a Miley Cyrus, jovem actriz de 15 anos que, por acaso, tem um contrato com a Walt Disney. O que está em causa é que a jovem Miley Cyrus é refém e propriedade de um conjunto de valores aos quais o estúdio está conotado e, como tal, deixa de ter vida própria para além da série de sucesso que protagoniza.

Não é preciso referir que foi grande a quantidade de críticos a acharem inapropriado para uma rapariga de (apenas) quinze anos ser fotografada de costas com um lençol a cobrir a maior parte do corpo. Mais, condenaram o facto de um «modelo» social para a juventude norte-americana se ter dado ao luxo de se afastar da «correcta» linha de orientação puritano-familiar da Walt Disney e enveredar por um caminho mais artístico.

Torna-se também preocupante o facto de as declarações da jovem actriz (que ainda não é maior de idade) assim como o seu agenciamento serem da responsabilidade dos seus pais. Assim, não só se torna refém e propriedade de um estúdio, torna-se um fantoche de ventríloquo de um pai.

Não devemos ter dúvidas: a arte é muitas vezes incompatível com valores familiares e sociais, particularmente os tradicionais. Torna-se marginal e, como tal, bastante autónoma da evolução da sociedade, permitindo que o arrojado, o criativo e a novidade surjam espontaneamente. E até mesmo alguns dos preconceitos e valores da arte são, eles mesmos, desajustados da sociedade presente, embora enquadrados num futuro – às vezes não muito longínquo. Estas questões não se colocariam decerto na altura dos gregos acerca da utilização de modelos jovens seminus. Alguns até aos nossos olhos actuais demasiado jovens. Não obstante, ninguém contesta a qualidade e a preciosidade que são os quadros da antiguidade clássica.

Mais, esta questão da não separação do indivíduo da personagem que representa no ecrã arrasta consigo a necessidade de a sociedade criar personagens que servem de modelo social a seguir pelos comuns cidadãos e que servem, e muito, os interesses individuais de grupos específicos de pessoas.

Os neo-conservadores terão grandes reservas em financiarem um programa televisivo cujo protagonista pugne pelo socialismo mais à esquerda. E vice-versa. Há uma necessidade social de se criarem modelos televisivos, alguns até musicais, cinematográficos e artísticos, que servem de porta-voz de interesses alheios.

É necessário a educação no sentido da diferenciação do artista e da sua identidade como indivíduo. É necessário apelarmos à análise das obras como referentes culturais próprios e não como meras exteriorizações puras e duras dos valores sociais, familiares e legais do indivíduo como artista.

Ao enveredarmos pelo caminho oposto, convenientemente aceitando e defendendo a colagem de identificação entre o artista e a arte, corremos o risco de limitarmos a existência dos artistas às necessidades e conveniências sociais de determinado momento, definidas por grupos de interesse. Estaríamos bem tramados se a pressão social e a necessidade de bodes-expiatórios permitissem a culpabilização do artista por ser detentor de uma visão diferente ou desviante do status quo.

Coitado do Shakespeare se pudesse ter sido acusado de incentivar o suicídio de casais jovens apaixonados cujos pais não se entendiam de todas as vezes que um casal de apaixonados decidisse tirar as suas vidas porque os seus pais não entendiam a sua relação. O Romeu e Julieta seria queimado e proibido de ser estudado nas escolas, e o seu autor detido durante alguns anos nos calabouços.

O conceito de artista encontra-se em mutação. E convém estarmos atentos à sua evolução. Não tarda, teremos de ter muito cuidado nas nossas escolhas musicais e culturais, sob pena de sermos olhados com desconfiança por gostarmos de expressões artísticas diferentes das aceites pelos valores sociais. Não vá o diabo tecê-las e quem ouve Nirvana e é escritor, então, logicamente, defende o suicídio com caçadeira; ou quem ouve Amy Winehouse e falta a algumas aulas é, logicamente, um toxicodependente.

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Monkey see, monkey do (bom vídeo)

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De Novo o Jardim

Parece mentira, mas afinal é verdade. Acabo, mais uma vez, por ter de falar no Alberto João Jardim e na sua forma de actuação política. Mas é que chega a roçar a surrealidade: um Presidente de um governo regional que é alvo de um voto de protesto pela oposição nem aparece no hemiciclo, assim como o seu vice-presidente.

Coincidências, poderão alguns dizer. Aconteceu, pensarão outros. Mas a verdade é que estas coisas não acontecem nem podem de forma alguma ser uma coincidência. Estamos perante mais um claro exemplo da forma de trabalho deste senhor: ao estilo do «quero, posso e mando», do «eu mando que tu queiras, possas e mandes, como eu quero».

A falta de democracia é uma grande falha no governo regional da Madeira. Já muitos apontaram, escreveram sobre isso e lamentaram essa realidade, embora nada fosse feito nem evoluísse num sentido mais civilizado. Para além de todas as injúrias ao continente português - que tanto caracterizaram a actuação de Jardim - houve também o caso diplomático dos «chineses» (atenção às aspas), a não recepção do Presidente da República na Assembleia Regional da Madeira, e, agora, a falta de comparência quando está em votação um voto de protesto.

Estou mesmo a imaginar alguns laranjas a dizerem: «aqueles do PS é sempre a mesma coisa, sempre a chatear e a chatear e a chatear, claro que um homem fica farto e acaba por não alinhar nas coisas da oposição. Acho que fez ele muito bem.» Mas este é um discurso falacioso. Um presidente de um governo (seja ele regional ou nacional) não pode, sob pena de enveredar pelo discurso baixo, deixar-se levar por tiques, por questões individuais ou más-disposições.

Um representante de um governo deve ser superior a isto. A bem da democracia e da sociedade em geral.

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A Falta de Educação de Jardim

Não é a primeira vez que o líder do Governo Regional da Madeira, o dr. Alberto João Jardim, assume atitudes públicas que roçam a falta de decoro e até mesmo a falta de educação. Seja nos seus habituais comentários separatistas em relação ao continente português, seja na atitude depreciativa com que trata os representantes eleitos da oposição ao seu governo, o líder madeirense tem vindo a revelar-se um homem cada vez mais desbocado e descontrolado.

Muito recentemente João Jardim ultrapassou a barreira do «roçar» de falta de educação e passou já a fasquia daquilo que deveria ser tolerado em democracia. Fê-lo quando não quis realizar uma sessão solene de recepção à visita oficial do Presidente da República na Assembleia Legislativa da Madeira. E fê-lo com a conivência e o conhecimento prévio do próprio visitante.

A conivência surge quando o Presidente da República Portuguesa, o dr. Cavaco Silva, não só aceita os termos disparatados do líder madeirense, como também tenta desvalorizar o caso, remetendo-se ora ao silêncio ora à contemplação da maravilha do estado de tempo que fazia na Madeira.

O conhecimento prévio, que torna ainda mais grave esta cedência, surge do facto de não haver visitas oficiais programadas sem agenda. E a agenda que deverá nortear a visita do PR à Madeira foi decerto enviada com antecedência para tomada de conhecimento. Não há, portanto, um efeito de surpresa e de reacção de momento.

Este é um sinal preocupante para a democracia portuguesa, uma vez que sempre se realizaram sessões solenes nos parlamentos quando há uma visita oficial do Presidente da República. Aconteceu nos Açores, deveria ter acontecido na Madeira. E para além de preocupante, é verdadeiramente inaceitável que o mais alto dirigente do país prescinda desta sessão solene tendo como única base de justificação o suposto medo de que se envergonhasse com o «bando de doidos» que é, segundo a opinião de Jardim, os deputados da oposição da Assembleia Legislativa da Madeira.

Há que ter em conta que a simples adjectivação de «doidos» é não só depreciativa como altamente ofensiva para os deputados da oposição, legitimamente eleitos pelo povo em sufrágio democrático, e estende-se igualmente ao povo que neles votou, uma vez que a responsabilidade da eleição recai em última análise sobre ele.

Com esta recusa, Jardim justificou, mais uma vez, porque é que tantos são aqueles que olham com preocupação a (des)governação social-democrata da Madeira. É porque, ao impedir a realização da dita sessão solene, Jardim está simultaneamente a impedir o pleno exercício da democracia, recusando o direito à liberdade de expressão daqueles que têm uma visão de liderança e governo diferentes da do seu presidente. A Assembleia Legislativa é, por excelência e por definição, um lugar de democracia, um lugar de liberdade de expressão,

Porém, este é o clima que se respira na Madeira: um clima de repressão, de intolerância e de asfixia da democracia e da liberdade de expressão. Na realidade, na Madeira vive-se um clima de preocupante autismo político e de franca falta de educação democrática, que nos deverá preocupar a todos, portugueses, e mais especialmente a nós, açorianos.

Tal como a Madeira, vivemos numa região autónoma e prezamos, acima de tudo, esta autonomia de que dispomos face ao Governo da República. No entanto, torna-se necessário esclarecer (as vezes que forem necessárias) que a realidade social da Madeira em nada se assemelha à dos Açores e que, ao contrário de lá, nós por cá ainda vivemos em democracia e assim continuaremos por muito tempo.

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Os Buracos da Democracia - sobre Mário Machado

Não há nada mais entusiasmante do que acordar e ligar a televisão para ver e ouvir nas notícias da manhã as declarações contidas e muito ponderadas do ultra-nacionalista Mário Machado. Nas suas declarações, o racista e xenófobo alterou um pouco o seu discurso, falando de prisão preventiva injusta e questões de liberdade de expressão e de individualidade.

O que me preocupa não é somente o facto de existirem pessoas agressivas, intolerantes, xenófobas e racistas. É claro que tal facto é deveras preocupante e merecedor de atenção, nem que seja pela protecção de ideias futuras e da manutenção de uma certa «paz» social que pugna pela liberdade, igualdade e inclusão social de todas as raças, credos e convicções.

O que me fez mais «espécie» neste caso foi a mediatização excessiva de que Mário Machado e os seus iguais foram alvo e que, agora, vêm usar o argumento de estarem a ser privados da liberdade de expressão como justificação para o julgamento de que são alvo. Mais, Mário Machado afirmou ser um bode expiatório e estar a servir de exemplo a uma sociedade e justiça que não lhe dá o direito de falar.

É aqui que se abre o primeiro buraco da democracia. Fala quem quer, como quer, da forma que quer, sem olhar a quê, a quem nem como.

Dito assim é o prenúncio de um movimento anti-democrático. Mas não, de forma alguma. Que fique bem claro que eu sou um acérrimo defensor da liberdade de expressão e de imprensa assim como dos direitos e liberdades do indivíduo.

No entanto, não nos podemos esquecer que, no caso específico do Mário Machado e dos seus seguidores e semelhantes, não está apenas em causa o conteúdo do que se fala: está também em causa a consequência desse falar. É que o resultado prático do falar racista é a intolerância, a ignorância, o medo e a violência dos «nossos» contra os «outros», como se não houvesse uma sociedade global, cidadãos do mundo nem democracia como ideal máximo a que todos nós aspiramos.

Mário Machado e os seus são atentados vivos à democracia, são os ratos que roem o queijo sem que nos dêmos conta, disseminando a sua mensagem anti-democrática e retrógrada, apoiados em mecanismos sociais de liberdade de expressão e livre iniciativa, que foram estes criados pelo sistema democrático per se.

Faz-me confusão e medo ouvir um racista, xenófobo e agressor, falar com tamanha calma, usando os meios de comunicação social que a democracia lhe providencia, para se fazer de vítima perante uma suposta justiça parcial. Se calhar, como eles fazem a justiça também pelas suas próprias mãos, parcial então por definição, também para eles deveríamos fazer justiça parcial.

Não, estou a divagar. O que se deveria era não dar atenção a estas bestas humanas, não lhes dar tempo de antena nem imagens na televisão, não lhes dar voz nem meios de comunicação de imprensa livre. Deveríamos, isso sim, votá-los ao abandono e ao esquecimento. Talvez assim, gradualmente, a sociedade se esqueça de que já viveu alturas em que um homem odiava outro homem por este não ser igual àquele.

Como se soubéssemos de antemão o que é ser igual e o que é efectivamente diferente.

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O Apoio à Criação Jovem

Na senda da publicação da reportagem «Lugar para os Jovens Criativos», na edição de 4 de Maio da revista do Diário Insular, foram abordadas problemáticas de incentivo à criação jovem que se têm tornado cada vez mais importantes e potencialmente enriquecedoras para o desenvolvimento da nossa sociedade.

Penso ser pouco discutível que o papel dos organismos públicos na promoção cultural deverá ser o de, a par da programação cultural que lhes é inerente, dotar a sociedade de infra-estruturas e mecanismos que permitam o apoio e divulgação dos novos valores criativos da sua sociedade, especialmente os das camadas mais jovens.

Contudo, assistimos ainda a uma reserva e inércia na assunção deste papel, especialmente na sua vertente mais experimental e contemporânea. A verdade é que os responsáveis pela disponibilização dessas infra-estruturas (algumas das quais já existem) e pela promoção dos mecanismos de apoio e divulgação dos mais jovens ainda não se aperceberam do imenso potencial que tal papel poderá desempenhar no desenvolvimento da sociedade. E do potencial das camadas mais jovens nesse papel.

Continuamos a assistir à recusa e à resistência à inovação, disfarçada sob o manto difuso e discutível de uma suposta «qualidade» que, refém dos cânones instituídos da açorianidade e cultura tipicamente açoriana, se mistura muitas vezes com o gosto pessoal de quem desempenha cargos de responsabilidade. A confusão entre «qualidade» e «gosto» permite uma escolha muito mais definida e confortável, é certo. Aquilo de que se gosta, apoia-se. O resto, não. Até faz sentido.

Apesar de tudo, torna-se impreterível discutir o papel que os espaços públicos de cultura deverão desempenhar no seio da nossa sociedade. Deverão esses espaços encarregar-se apenas da importação de valores culturais externos, sob a certeza da comercialidade e de casa cheia, por vezes assumindo custos altíssimos? Deverão preocupar-se somente com a promoção e disponibilização de valores comerciais instituídos da açorianidade – com as eternas baleias, o folclore, a bruma, e demais categorias açorianas de cultura, nas quais a geração contemporânea de jovens não se revê? Ou, por outro lado ainda, deverão estes espaços públicos permitir a divulgação à sociedade daqueles que são os valores não-instituídos e não-canonizados e, como tal, reféns de uma assistência diminuta? Ou deverá o papel dos espaços públicos ser o da harmonia – tanto quanto possível – entre o comercial instituído (importado e regional), ao mesmo tempo que se disponibilizam espaços e mecanismos que permitam a promoção de novos valores culturais (importados e regionais)?

Para mim, considero ser esta última a opção mais sensata. Os espaços públicos são, por definição, pertença da sociedade em geral. E se artistas menos conhecidos – ou jovens artistas em início de carreira – estiverem interessados na utilização desses espaços para a divulgação e promoção da sua arte, penso que deverão ter todas as condições ao seu dispor para o fazer. No entanto, acho importante que os espaços destinados a este tipo de promoção sejam, por natureza do propósito, diferentes dos utilizados para a promoção e divulgação dos valores instituídos. De outra forma, neste momento, não faria sentido.

Ao encontrarem tantas barreiras durante tanto tempo à promoção da sua arte, é natural que a tendência dos jovens artistas seja a da resignação. Não obstante, esta não poderá ser a única desculpa para a não persistência da apresentação dos projectos culturais da juventude. Torna-se cada vez mais urgente que os jovens artistas assumam o seu papel social, que o debatam e reivindiquem, sob pena de o estado das coisas se manter estático e inalterado por ainda mais tempo.

O Labjovem – I Concurso Regional de Jovens Criadores – promovido pelo Governo Regional dos Açores e pela Direcção Regional da Juventude, assim como a aposta da Câmara Municipal da Praia da Vitória na construção da Academia de Juventude são dois exemplos de como existem visões estratégicas e vontade de mudança. Para além disto, existem infra-estruturas e espaços públicos suficientes para que os jovens desenvolvam em pleno as suas capacidades e as revelem ao público – o grande interessado na diversidade da oferta cultural.

Enquanto os jovens artistas não assumirem o seu papel social e não decidirem lutar pelo espaço cultural, que lhes é, em última análise, pertença natural, as coisas continuarão assim: à espera da mudança.

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RE: Está Tudo Bem?

Em resposta a um artigo de opinião da minha autoria acerca da criminalização das drogas, o Sr. Luís Carneiro, em pleno usufruto dos seus direitos, apresentou as suas refutações face àquilo a que designou de «acusações» contidas no meu artigo inicial.

Tal como ele, também eu gostaria que esta questão não se arrastasse por muito mais tempo. Não obstante, e face ao teor erróneo das suas afirmações, considero necessário esclarecer alguns pontos, sob pena de se perpetuarem ideias falsas.

Em primeiro lugar, quando alguém publica um artigo de opinião, não o faz referindo a profissão que desempenha a não ser seja relevante para o conteúdo do artigo que assina. Assim, se um membro de um órgão de uma estrutura partidária assina um artigo de opinião como vice-presidente desse mesmo órgão, é entendido pelos comuns dos mortais que aquela é, efectivamente, a posição oficial do órgão. Caso contrário, assina-se com o nome sem designação de pertença. Desta forma, acho perfeitamente lícita a preocupação por mim revelada quando a posição da JSD/Terceira é a de criminalização da droga e a posição da Comissão de Ilha da JSD/Terceira é, não só contra a criminalização da droga como também a favor da sua liberalização.

Em segundo lugar, se uma deputada de um partido (neste caso o PSD) assina um artigo de opinião indicando o seu correio electrónico na Assembleia Legislativa Regional, é igualmente lícito assumir-se que aquela é uma posição oficial do partido e não um mero artigo de opinião de uma cidadã anónima. Ou não será?

Em terceiro lugar, nunca esteve em causa a pluralidade de opiniões e a liberdade democrática que nos permite ser seres pensantes e detentores da nossa própria opinião. Mal seria se uma estrutura partidária de juventude não fosse um espaço de pluralidade de opiniões e de debate. No entanto, as posições oficiais de uma estrutura não deverão ser confundidas com as dos seus membros como indivíduos e cidadãos. E esta separação faz-se na assunção ou não dos cargos que detemos.

Mais a mais, a desvalorização da informação da Internet é abusiva, uma vez que diversos institutos, como o caso do Instituto da Droga e da Toxicodependência (www.idt.pt) e do Instituto Nacional de Estatística (www.ine.pt), se servem deste meio de comunicação para publicarem as suas conclusões e dados. Segundo João Goulão, presidente do IDT, «a descriminalização dos consumos foi uma conquista civilizacional coerente com a ideia de que um toxicodependente é um doente e não um delinquente. Se este ante-projecto [de criminalização] avançar trata-se de um retrocesso». Como pode ver, não é um “qualquer” site da Internet. E como se pode depreender, não é uma pessoa qualquer que é citada.

Para finalizar, e são estas as acusações que mais revelam ignorância e leviandade da actuação política, se há estrutura de juventude na ilha Terceira que ninguém até há muito pouco tempo conseguia identificar ou encontrar rosto visível era precisamente a JSD/Terceira.

Se o presidente da Comissão Política da JSD/Terceira não tem conhecimento da JS/Terceira é porque acabou de chegar e ainda não fez o trabalho de casa. É de muito mau tom não se saber de onde se vem e falar-se como se o soubéssemos. Como diz o ditado, «a ignorância é atrevida» e é-o tanto mais quanto a sua voz se faz ouvir.

Se há estrutura de juventude partidária na ilha Terceira que se tem debatido pela defesa dos interesses dos jovens é a Juventude Socialista. Do empreendedorismo à habitação, da emancipação jovem ao primeiro emprego, da cidadania e qualidade de vida aos hábitos de vida saudáveis, da toxicodependência à luta contra a SIDA e à sexualidade saudável, da solidariedade social a muitos outros assuntos relevantes para os jovens açorianos e terceirenses, a JS/Terceira tem desenvolvido actividades políticas, lúdicas e de esclarecimento que têm há muito contribuído para o debate destas questões.

Para não me alongar muito, refiro apenas o «Juventude Em Movimento», debates abertos à sociedade e nos quais se abordaram diversos assuntos; as festas anuais de comemoração do Dia Internacional da Luta Contra a Sida, com a distribuição de informação e preservativos em locais de diversão nocturna (antes da JSD); a campanha «Um Brinquedo Um Sorriso», de angariação de brinquedos para os jovens desfavorecidos; a mais recente «Jovens Solidários», a decorrer presentemente com os idosos da freguesia do Posto Santo; as visitas a estabelecimentos de ensino, comércio, prisionais, entre outros. Estes exemplos, de entre muitos, servem apenas para elucidar um pouco do trabalho que tem sido desenvolvido pela JS/Terceira, em prol do desenvolvimento e da melhoria da qualidade de vida dos jovens terceirenses e açorianos.

Tenho efectivamente muita pena que o Sr. Luís Carneiro só agora tenha acordado para o mundo e para a existência da JS/Terceira. Errar é humano, faz parte do crescimento. Mas sugiro-lhe, em abono da verdade e do trabalho democrático credível e sustentado, que não volte a proferir acusações de inexistência da JS/Terceira da forma leviana e ignorante que fez.

Até este último meio ano (curiosamente muito próximo do período eleitoral) a JSD/Terceira era uma estrutura moribunda, sem actividades nem movimentação visível, sem líder nem funcionamento. Convidada que foi, por exemplo, para os debates da Juventude em Movimento, nem se dignou a responder. Por isso, sejamos honestos no debate democrático e concentremo-nos no que é verdadeiramente importante: as condições de vida dos jovens açorianos.

Para terminar, e uma vez que desempenho as funções de secretário-coordenador da JS/Terceira, considero importante referir que esta é a posição da JS/Terceira que, por acaso, é coincidente com a do seu secretário-coordenador como indivíduo. Esta é a razão pela qual, em resposta a um artigo de opinião individual, assino este artigo com a designação do cargo que desempenho.

Rogério Sousa

Secretário-coordenador da JS/Terceira e Vice-Presidente da JS/Açores

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As Minhas Músicas I - Guns n' Roses - Coma

A viagem em espiral no limite do abandono do corpo e da mente.

Um homem que se quer alienar do mundo que acaba por ser sua própria criação e, como tudo, a causa da sua própria ruína. Uma ruína que surge como consequência directa da vida que levou, das questões que foi colocando, das mulheres que foi conhecendo, da vida leviana que assumiu como sua e que, em última instância o leva ao declínio. E ele sente o seu corpo a afastar-se gradualmente da sua mente, sente o calor do silêncio, a escuridão deste novo estado de espírito, um estado de calma e de paz que não tem nada a ver com o mundo que está a abandonar.

Ninguém o obrigou a viver. Mas também nunca pediu para nascer. Para nascer e viver desta maneira, buscando uma qualquer calmaria que nunca chegou a não ser no momento em que a linha da sua vida se tornou recta, e os choques eléctricos que os médicos lhe aplicam para que retome a sua pulsação normal, para que regresse à vida que tão feliz se sente em abandonar. Uma vida de miséria e de sofrimento, que nada tem que ver com a calma que encontra à beira-mar da sua evasão corpórea.

E as vozes surgem-lhe depois enquanto abandona o corpo. Vozes de mulheres que reclamam a sua atenção, vozes que lhe surgem do passado para o atormentar com comentários de amor, ódio, incompreensão, argumentos, brigas e desentendimentos e mal-entendidos, se calhar as coisas são melhores mesmo quando nos afastamos delas. Se calhar o melhor é mesmo seguir este caminho, seguir em direcção ao desconhecido, tentando segurar as pontas de um resto de vida que nem é vida sequer. Se calhar, o melhor mesmo é morrer.

Viver a vida como um estado de Coma. Um estado de ignorância e de placidez e de calmaria que nos permite viver sobre tudo isto, esquecer toda esta miséria que nos assola, esta mortalidade e fragilidade humanas, esta tísica aparência de ser mortal. A luz está ao fundo do túnel. A luz está ao fundo do mar que se navega muito calmamente neste estado de paz e de harmonia.

Mas porque é que devemos tentar convencer-te a voltar? Porquê? Que razões temos para que saias desse estado de ignorância e solidão e que voltes para a nossa existência. Por que havemos nós de nos esforçarmos para que a tua mente retome o seu estado normal de comunhão com o teu corpo? Se calhar é melhor deixarmos a natureza seguir o seu curso. Se calhar ele está bem assim... na sua mente, perdido algures nos pensamentos da sua vida, assistindo ao seu desenrolar como a película de um filme projectado numa parede suja de um quarto vazio. Nada mais que memórias fugazes pintando por momentos a parede encardida.





Tentámos várias vezes que tomasses um rumo diferente àquele que escolheste. Muitas vezes dissemos-te que esse não era o caminho mais correcto para viveres. Ficámos muitas vezes à espera que nos contactasses, que nos mostrasses um caminho diferente, que nos dissesses como é que te poderíamos ajudar, como é que te poderíamos fazer mudar de ideias. Tentámos e tentámos e voltámos a tentar. Até um dia...

Tantas chamadas de atenção, tantas horas passadas sentados à volta do telefone à espera que ligasses, os dias perdidos à escuta do som da campainha que anunciaria a tua chegada, que anunciaria a tua melhora. Qualquer coisa, algo que nos fizesse acreditar que afinal sempre haveria modo de te alcançar. Mas a verdade é que não é fácil tentar ajudar-te quando tu não nos ajudas de volta. Tu não estás para nós, não esperas por nós nem perdes dias à espera que a campainha toque. É difícil pensar que não te podemos apontar razões suficientes que justifiquem a tua estadia junto de nós.

Se calhar é melhor assim. Tens um bilhete de ida para a tua partida. Um bilhete de ida para o teu esquecimento. Tens um bilhete de ida e não há forma de saíres daqui vivo. Com toda esta comunicação cruzada que te deixou na solidão, serve-te de consolo saber que quando fores velho, e se a casa está onde o coração, terás histórias para contar aos teus netos. Não, não precisamos de um médico, ninguém te conseguirá curar a alma, tens a tua mente em submissão, a tua vida por um fio, mas ninguém puxou o gatilho, apenas se afastaram, e estarão à beira-mar enquanto te dizem adeus.

Telefonam de manhã. Esperam junto ao telefone. Esperam uma resposta mas sabem que ninguém está em casa. E quando o telefone deixar de tocar a culpa não foi de ninguém senão tua. Houve muitos avisos, muitas advertências, mas demos-te tempo de mais. E quando disseste que ninguém te ouvia respondemos que estávamos fartos de esperar. É tão fácil ser louco quando não se tem nada a perder. E eu gostava de te poder ajudar, mas também estou aqui à espera a rever projecções da minha vida numa parede suja num quarto vazio. Atingir o ponto de ruptura sabendo que ainda vai demorar algum tempo. Enquanto tento curar as memórias perdidas que outro homem precisaria de ter apenas para sobreviver.

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O Regresso do Filho Pródigo

No passado dia 23 de Abril foi inaugurada uma exposição sobre a vida de José Saramago, que pode ser visitada no Palácio da Ajuda. Intitulada «A Consistência dos Sonhos», esta exposição conta a história da vida do escritor, com o auxílio de manuscritos, primeiras edições, fotografias, e demais parafernália de objectos que poderão elucidar o comum dos leitores acerca da vida e obra do único Nobel de literatura português.

O único Nobel de literatura português. Um escritor a quem foi recusada a participação num prémio internacional pela sua obra O Evangelho Segundo Jesus Cristo, pelo então ministro da cultura do PSD. Essa obra, considerada por críticos internacionais como uma das suas obras-primas, tinha tanto de inovadora como de polémica e, para não ofender as mentes católico-cristãs-puritanas, o governo de então achou por bem não colocar a obra à consideração do júri que atribuiria o prémio.

Saramago decide, não por isto mas também, viver longe de Portugal, em Lanzarote. Um ilha. Como as nossas, bastiões de autonomia e de distância em face do continente.

Partiu amargurado. Partiu triste com o seu país e com a falta de reconhecimento da sua obra. Mas partiu ainda mais triste por ver que a censura não parte de organismos mas da mediocridade da mente de alguns governantes. O que lhe deu ainda mais força na sua crítica social-religiosa-moral patente na sua obra.

Entretanto ganhou o Nobel. E foi recebido em braços, a felicidade estampada nos rostos das pessoas que viam naquele senhor a personificação da internacionalização da literatura portuguesa a seguir a Camões ou Pessoa. Era ele. O D. Sebastião da Literatura que regressava a casa, para se desdobrar em conferências e em entrevistas, em reportagens e notícias, em doutoramentos honoris-causa e demais prémios. Para além do prémio monetário do Nobel.

E voltou para Lanzarote.

Agora regressa com uma exposição sobre a sua vida, quando conta com 85 anos e um livro ainda a ser escrito. Quando a genialidade da sua escrita e o alcance da sua intervenção foram já internacionalmente reconhecidos e, finalmente, por Portugal. Quando o Memorial do Convento passou a ser parte integrante do programa do 12º ano de escolaridade.

E o Primeiro-Ministro diz: «Quero que ele saiba que nós gostamos dele, que nós o estimamos e que temos muito orgulho em tudo o que fez pela Língua Portuguesa e por Portugal».

E Saramago responde: «obrigadinho».

Mais nada. Obrigadinho. Como dizemos quando estamos a fazer alguma coisa de importante ou cansativa e as pessoas à nossa volta não nos ajudam; como quando estamos a trabalhar e os nossos colegas estão a olhar para o dia de amanhã. Dizemos: obrigadinho.

Perante a tristeza das palavras de José Socrates. Homónimo apenas no primeiro nome, limitado literariamente como já demonstrado ao longo da sua governação, não consegue dizer nada mais do que «gostamos dele», «estimamos» o homem, temos muito «orgulho em tudo o que fez...»

Mais nada.

A isto o que se responde sem se ser indelicado?

Pois bem, diz-se «obrigadinho». É-se irónico. Nada mais.

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Workshop de Iniciação à Fotografia

A Burra de Milho, com o apoio da Direcção Regional da Juventude, organiza um Workshop de Iniciação à Fotografia, ministrado por Soraia Bettencourt, e que será realizado aos fins-de-semana, na Casa do Sal, em Angra do Heroísmo. Todas as informações disponíveis em:

http://burrademilho.blogspot.com
ou
http://workshopfotografiabdm.blogspot.com

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Voto de Protesto da JS - a questão da criminalização da droga

Os deputados à Assembleia da Juventude Socialista Açores apresentaram esta manhã, na Assembleia Legislativa dos Açores, um voto de protesto contra a intenção da JSD-Açores, e por arrasto, o PSD-Açores, de voltar a criminalizar o consumo de droga.

Assim, a Juventude Socialista Açores abraça esta luta contra a intolerância e a visão estereotipada, retrógrada e acusadora de que um toxicodependente deverá ser tratado como um criminoso, como a JSD/Açores tem vindo a defender com a sua proposta.

Segundo João Goulão, presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência, “ A descriminalização dos consumos foi uma conquista civilizacional coerente com a ideia de que um toxicodependente é um doente e não um delinquente. Se este ante-projecto avançar trata-se de um retrocesso”.

Mais, a argumentação de que os traficantes se mascaram de consumidores para poderem fazer o seu negócio é uma argumentação que, para além de falaciosa, provoca nas pessoas um sentimento de insegurança e de engano de lei que se torna mais tempo argumento de discussão.

É necessário ter muito tacto no tratamento de questões sociais como sejam a toxicodependência, coisa que a JSD/Açores e o PSD/Madeira não têm mostrado terem.

Resta saber se o PSD-Açores tem uma posição oficial sobre esta matéria ou se prefere deixar os seus lacaios tratar do assunto.

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A (des)criminalização dos estupefacientes

A ideia de se voltar a criminalizar o consumo de drogas leves em Portugal volta à discussão depois de a JSD/Terceira assumir a intenção de, à semelhança do que se passa na Madeira, apresentar uma moção ao seu congresso neste sentido. Por seu turno, a deputada do PSD pela Terceira, Carla Bretão, veio publicamente apoiar esta intenção, assumindo talvez uma concordância velada do PSD-Açores. Ao mesmo tempo, o vice-presidente da Comissão de Ilha da JSD publicou um artigo de opinião no qual se mostra não só contra a opinião dos seus colegas de partido como a favor da liberalização das drogas leves.

Não querendo perder tempo a comentar a desarticulação das estruturas políticas sociais-democratas, considero ser esta uma questão suficientemente preocupante e pertinente para nos determos um momento, em especial depois da leitura do confuso texto da deputada social-democrata.

Parece haver uma confusão propositada e conveniente entre os conceitos de «consumidor», «toxicodependente», «tráfico», «consumo» e, mais grave ainda, «droga». Para além da confusão dos termos, há uma vontade de confundir a argumentação para levar a questão ao íntimo das pessoas, ao familiar, aos «que se vêem a braços com este flagelo», apelando desta forma não à racionalidade mas à empatia e subjectividade.

A toxicodependência é, sem dúvida alguma, um problema grave das sociedades, particularmente na nossa açoriana. Que não subsistam dúvidas acerca disto. No entanto, não só a nível técnico como substancial, existem diferenças entre as chamadas drogas «leves» e as drogas «pesadas». A documentação existe em bibliotecas, na Internet e na informação disponibilizada por organismos dedicados a esta questão.

Aceitando ainda, e mal, quem argumente não haver esta diferença (talvez da mesma forma que não haverá diferença entre um café e um cigarro) e que ambas as categorias se referem à ideia de «droga», a verdade é que o consumo de um cigarro de cannabis não pode – nem deve – ser comparável ao consumo de cocaína, por exemplo.

É precisamente aqui que a argumentação se confunde. Para muitos, incluindo os supracitados, o consumo de uma droga leve terá como fim inevitável o consumo de uma droga pesada. Como se fosse impossível conceber o consumo ocasional, não viciado, de uma substância deste género. Para estes, mais cedo ou mais tarde, a desgraça instala-se. Esta linha de raciocínio é seguida como se de uma condição sine qua non se tratasse, revelando no fundo uma argumentação tão enviesada quanto: quem bebe uma cerveja tornar-se-á necessariamente num alcoólico.

O mais preocupante é que, para muitos, falar de droga é falar de uma categoria de droga em geral, abarcando todas as outras de uma forma leviana, irreflectida e ignorante. E estranhamente, este tipo de argumentação acaba por ter grandes adeptos porque não implica a desmistificação e mantém o costume da condenação. É mais confortável, compreende-se.

Outra confusão propositada e, que deriva da anterior, é a de se tomar um consumidor ocasional por um toxicodependente. Este é, como o alcoólico, alguém que necessita de ajuda e de apoio institucional para combater um vício. Esta é a confusão que mais enviesa a discussão desta problemática, uma vez que surge como forma de disseminar uma visão pessoal sobre este tema. É mais confortável e demagógico, entendo, mas faz com que os apoiantes o sejam mais por ignorância e medo do que por consciência informada.

Mais a mais, a questão do tráfico de droga não deve ser resolvido com a revogação de uma lei, tomando como justificação a incapacidade de acção legal das forças policiais. Pelo contrário, ao voltarmos a criminalizar o consumo, regressamos ao passado: as forças policiais vão voltar a perder tempo destrinçando os consumidores dos traficantes e, aí sim, deixam de combater o tráfico de grande consumo, aquele que verdadeiramente destrói lares e indivíduos.

Está na altura de tratarmos os problemas pelo que eles verdadeiramente são e não pelo preconceito que deles adquirimos ao longo da nossa educação. É necessário perceber que a descriminalização do uso de estupefacientes foi um passo em frente no combate à toxicodependência e que o caminho é feito através da educação, do debate e do comprometimento social na resolução deste problema.

A discussão está na rua e espero que, desta vez, os argumentos sejam iluminados e sérios, para que possamos de uma vez por todas olhar o problema da toxicodependência com a clareza de espírito e o sentido social de missão que este problema exige. A ver vamos…

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