Clemente - Vais Partir

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Desenvolvimento Tecnológico - Uma Necessidade Vital

Foi recentemente noticiado que as Ilhas da Coesão terão um serviço de wireless gratuito nos espaços públicos das suas sedes de concelho, como parte do plano de desenvolvimento tecnológico do Governo para a região.

A dotação de meios para a igualdade no acesso à informação e às Novas Tecnologias em todas as ilhas do arquipélago, a par de uma boa rede de mobilidade, são características fundamentais para o desenvolvimento sustentável dos Açores.

A distância física é cada vez mais secundária, por vezes quase negligenciável, desde que as populações disponham de meios de comunicação e de acesso à informação equiparáveis aos centros urbanos do nosso país e do mundo.

Combater a info-exclusão e investir em redes informáticas de grande velocidade é uma aposta ganha na corrida da sociedade de informação, cujos frutos se farão sentir não só a curto, como também a médio e longo prazo.

É frequente ouvir-se certos dirigentes locais reclamarem junto do governo pela não existência de infra-estruturas semelhantes às dos seus vizinhos, com projectos que por vezes nos soam megalómanos, tendo em conta a população das localidades.

Tal como na construção civil, em que se começa pelos alicerces e depois se trabalha no tecto, também no desenvolvimento da nossa sociedade se deve dar primazia às estruturas básicas para depois se pensar nos projectos mais avançados.

Infelizmente, nas ilhas da coesão, estruturas básicas no contexto da modernidade significa a disponibilização de meios de acesso à informação que noutras ilhas já existem em maior escala.

Custa ouvir as reclamações de certos dirigentes quanto à não existência de uma piscina municipal ou de um hotel de quatro estrelas na sua localidade quando, na realidade, as redes de telecomunicações dessas mesmas localidades têm uma taxa de transmissão de informação muito baixa e, como tal, limitam o acesso dos habitantes à sociedade globalizada e informatizada do nosso mundo actual.

É preciso apostar rapidamente na dotação de redes móveis e fixas de alta velocidade, como é exemplo a disponibilização da rede wireless gratuita, permitindo desta forma que todos os açorianos estejam verdadeiramente em pé de igualdade com o resto do país.

Até lá, ainda teremos de ouvir as exigências de pequenos governantes que, não tendo uma banheira para se lavar, reclamam junto do governo um jacuzzi porque o seu vizinho também tem.

 

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A Incomensurável Pequenez do Eu

Após ter decidido fazer um interregno de três meses desde a publicação do meu último texto, e enquanto pensava se deveria ou não voltar a publicar algo de carácter opinativo, eis que leio um artigo sobre a diferença de tratamento entre terceirenses e micaelenses, e o «orgulho ferido» que alguns dos primeiros sentem em relação aos segundos.  (senti necessidade de escrever)

Este tipo de discurso «bairrista» tem estado presente ao longo de toda a nossa história de arquipélago e tenho-o ouvido da boca das pessoas e lido nos mais diversos artigos de opinião.

Devo confessar que quando era mais novo aceitei a preferência do governo por São Miguel em detrimento das outras ilhas como um facto, um dado adquirido na vida insular dos açorianos: os micaelenses tinham tudo e os terceirenses (sem falar nos outros), pobres coitados, não tinham nada.

Contudo, cresci. Vivi em São Miguel durante alguns anos, na persecução dos meus estudos, e fiz amigos lá e em muitas outras ilhas. Tive a oportunidade conviver com mentalidades e de tomar contacto com vivências muito diferentes entre si.

Presentemente, considero ser este um tipo de discurso caquéctico, infundado e muito perigoso, que serve apenas para alimentar rivalidades e impedir o desenvolvimento daquela visão de conjunto que nos deveria caracterizar como arquipélago.

Somos todos açorianos e sentimos o peso da insularidade. Contudo, não devemos basear a nossa actuação num sentimento ressabiado e invejoso perante os nossos semelhantes que, durante o povoamento, se decidiram instalar na ilha que acabou por se revelar ter uma grande capacidade de expansão.

Somos nove ilhas, em tudo diferentes e com características muito próprias, tal como as gentes que as habitam. Mas, deverá o irmão mais novo ralhar com os pais porque o irmão mais velho é bem sucedido? Mesmo que este sucesso tenha uma proporcionalidade directa entre o seu trabalho e as condições de expansão dadas pelos pais? E se o mais novo não trabalha por isso, preferindo fechar-se no quarto a chorar e a dizer que não consegue porque está condenado à partida pela preferência dos pais?

Penso que não deverá. Penso que o caminho para o desenvolvimento das nossas ilhas passa impreterivelmente pelo abandono urgente deste discurso de rivalidade infundada que se baseia na assunção de que «uns têm tudo e os outros não têm nada».

 Enquanto não olharmos para as ilhas como «zonas» de uma região e não regiões em si mesmas (que é o que este discurso acarreta consigo), nunca seremos capazes de criar um sentimento de igualdade que nos permita evoluir e desenvolver os Açores de uma forma justa e sustentada.

 A verdade é que o facto de a Base Aérea nº4 estar sedeada na ilha Terceira não pode (nem deve nunca) ser condição sine qua non para que tudo o que tem que ver com os norte-americanos seja feito nesta ilha. Não nos faltava mais nada senão a Horta reclamar para si o domínio de tudo o que diz respeito à vela, porque a história lhe pertence. Ou ainda tudo o que for feito sobre Antero, Natália, Domingos e outros ser feito única e exclusivamente em São Miguel. Ou em primeiro lugar.

Os Açores já estiveram mais divididos, é certo. Ainda me lembro de se provocarem discussões e brigas com os «de fora» porque eram de São Miguel, particularmente. Vulgares demonstrações de ignorância que felizmente se esbateram graças à melhoria das possibilidades de deslocação dentro e fora do arquipélago.

 Serão estas condições de mobilidade que vão permitir que esta ideia de arquipélago se revele e se instale na matriz de vida das gerações futuras. Os nossos jovens já partilham desta visão – basta vê-los de ilha em ilha em festivais, festas de freguesia e visitas aos amigos.

Mas até as rivalidades se esbaterem é necessário lutar contra estas vozes dos «desgraçadinhos», estas teorias da conspiração e da inveja, e trilhar um caminho uno, múltiplo e irmanado. O passado deve servir de guia, nunca de âncora.

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