As Minhas Músicas I - Guns n' Roses - Coma

A viagem em espiral no limite do abandono do corpo e da mente.

Um homem que se quer alienar do mundo que acaba por ser sua própria criação e, como tudo, a causa da sua própria ruína. Uma ruína que surge como consequência directa da vida que levou, das questões que foi colocando, das mulheres que foi conhecendo, da vida leviana que assumiu como sua e que, em última instância o leva ao declínio. E ele sente o seu corpo a afastar-se gradualmente da sua mente, sente o calor do silêncio, a escuridão deste novo estado de espírito, um estado de calma e de paz que não tem nada a ver com o mundo que está a abandonar.

Ninguém o obrigou a viver. Mas também nunca pediu para nascer. Para nascer e viver desta maneira, buscando uma qualquer calmaria que nunca chegou a não ser no momento em que a linha da sua vida se tornou recta, e os choques eléctricos que os médicos lhe aplicam para que retome a sua pulsação normal, para que regresse à vida que tão feliz se sente em abandonar. Uma vida de miséria e de sofrimento, que nada tem que ver com a calma que encontra à beira-mar da sua evasão corpórea.

E as vozes surgem-lhe depois enquanto abandona o corpo. Vozes de mulheres que reclamam a sua atenção, vozes que lhe surgem do passado para o atormentar com comentários de amor, ódio, incompreensão, argumentos, brigas e desentendimentos e mal-entendidos, se calhar as coisas são melhores mesmo quando nos afastamos delas. Se calhar o melhor é mesmo seguir este caminho, seguir em direcção ao desconhecido, tentando segurar as pontas de um resto de vida que nem é vida sequer. Se calhar, o melhor mesmo é morrer.

Viver a vida como um estado de Coma. Um estado de ignorância e de placidez e de calmaria que nos permite viver sobre tudo isto, esquecer toda esta miséria que nos assola, esta mortalidade e fragilidade humanas, esta tísica aparência de ser mortal. A luz está ao fundo do túnel. A luz está ao fundo do mar que se navega muito calmamente neste estado de paz e de harmonia.

Mas porque é que devemos tentar convencer-te a voltar? Porquê? Que razões temos para que saias desse estado de ignorância e solidão e que voltes para a nossa existência. Por que havemos nós de nos esforçarmos para que a tua mente retome o seu estado normal de comunhão com o teu corpo? Se calhar é melhor deixarmos a natureza seguir o seu curso. Se calhar ele está bem assim... na sua mente, perdido algures nos pensamentos da sua vida, assistindo ao seu desenrolar como a película de um filme projectado numa parede suja de um quarto vazio. Nada mais que memórias fugazes pintando por momentos a parede encardida.





Tentámos várias vezes que tomasses um rumo diferente àquele que escolheste. Muitas vezes dissemos-te que esse não era o caminho mais correcto para viveres. Ficámos muitas vezes à espera que nos contactasses, que nos mostrasses um caminho diferente, que nos dissesses como é que te poderíamos ajudar, como é que te poderíamos fazer mudar de ideias. Tentámos e tentámos e voltámos a tentar. Até um dia...

Tantas chamadas de atenção, tantas horas passadas sentados à volta do telefone à espera que ligasses, os dias perdidos à escuta do som da campainha que anunciaria a tua chegada, que anunciaria a tua melhora. Qualquer coisa, algo que nos fizesse acreditar que afinal sempre haveria modo de te alcançar. Mas a verdade é que não é fácil tentar ajudar-te quando tu não nos ajudas de volta. Tu não estás para nós, não esperas por nós nem perdes dias à espera que a campainha toque. É difícil pensar que não te podemos apontar razões suficientes que justifiquem a tua estadia junto de nós.

Se calhar é melhor assim. Tens um bilhete de ida para a tua partida. Um bilhete de ida para o teu esquecimento. Tens um bilhete de ida e não há forma de saíres daqui vivo. Com toda esta comunicação cruzada que te deixou na solidão, serve-te de consolo saber que quando fores velho, e se a casa está onde o coração, terás histórias para contar aos teus netos. Não, não precisamos de um médico, ninguém te conseguirá curar a alma, tens a tua mente em submissão, a tua vida por um fio, mas ninguém puxou o gatilho, apenas se afastaram, e estarão à beira-mar enquanto te dizem adeus.

Telefonam de manhã. Esperam junto ao telefone. Esperam uma resposta mas sabem que ninguém está em casa. E quando o telefone deixar de tocar a culpa não foi de ninguém senão tua. Houve muitos avisos, muitas advertências, mas demos-te tempo de mais. E quando disseste que ninguém te ouvia respondemos que estávamos fartos de esperar. É tão fácil ser louco quando não se tem nada a perder. E eu gostava de te poder ajudar, mas também estou aqui à espera a rever projecções da minha vida numa parede suja num quarto vazio. Atingir o ponto de ruptura sabendo que ainda vai demorar algum tempo. Enquanto tento curar as memórias perdidas que outro homem precisaria de ter apenas para sobreviver.

[flatline...]


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O Regresso do Filho Pródigo

No passado dia 23 de Abril foi inaugurada uma exposição sobre a vida de José Saramago, que pode ser visitada no Palácio da Ajuda. Intitulada «A Consistência dos Sonhos», esta exposição conta a história da vida do escritor, com o auxílio de manuscritos, primeiras edições, fotografias, e demais parafernália de objectos que poderão elucidar o comum dos leitores acerca da vida e obra do único Nobel de literatura português.

O único Nobel de literatura português. Um escritor a quem foi recusada a participação num prémio internacional pela sua obra O Evangelho Segundo Jesus Cristo, pelo então ministro da cultura do PSD. Essa obra, considerada por críticos internacionais como uma das suas obras-primas, tinha tanto de inovadora como de polémica e, para não ofender as mentes católico-cristãs-puritanas, o governo de então achou por bem não colocar a obra à consideração do júri que atribuiria o prémio.

Saramago decide, não por isto mas também, viver longe de Portugal, em Lanzarote. Um ilha. Como as nossas, bastiões de autonomia e de distância em face do continente.

Partiu amargurado. Partiu triste com o seu país e com a falta de reconhecimento da sua obra. Mas partiu ainda mais triste por ver que a censura não parte de organismos mas da mediocridade da mente de alguns governantes. O que lhe deu ainda mais força na sua crítica social-religiosa-moral patente na sua obra.

Entretanto ganhou o Nobel. E foi recebido em braços, a felicidade estampada nos rostos das pessoas que viam naquele senhor a personificação da internacionalização da literatura portuguesa a seguir a Camões ou Pessoa. Era ele. O D. Sebastião da Literatura que regressava a casa, para se desdobrar em conferências e em entrevistas, em reportagens e notícias, em doutoramentos honoris-causa e demais prémios. Para além do prémio monetário do Nobel.

E voltou para Lanzarote.

Agora regressa com uma exposição sobre a sua vida, quando conta com 85 anos e um livro ainda a ser escrito. Quando a genialidade da sua escrita e o alcance da sua intervenção foram já internacionalmente reconhecidos e, finalmente, por Portugal. Quando o Memorial do Convento passou a ser parte integrante do programa do 12º ano de escolaridade.

E o Primeiro-Ministro diz: «Quero que ele saiba que nós gostamos dele, que nós o estimamos e que temos muito orgulho em tudo o que fez pela Língua Portuguesa e por Portugal».

E Saramago responde: «obrigadinho».

Mais nada. Obrigadinho. Como dizemos quando estamos a fazer alguma coisa de importante ou cansativa e as pessoas à nossa volta não nos ajudam; como quando estamos a trabalhar e os nossos colegas estão a olhar para o dia de amanhã. Dizemos: obrigadinho.

Perante a tristeza das palavras de José Socrates. Homónimo apenas no primeiro nome, limitado literariamente como já demonstrado ao longo da sua governação, não consegue dizer nada mais do que «gostamos dele», «estimamos» o homem, temos muito «orgulho em tudo o que fez...»

Mais nada.

A isto o que se responde sem se ser indelicado?

Pois bem, diz-se «obrigadinho». É-se irónico. Nada mais.

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Workshop de Iniciação à Fotografia

A Burra de Milho, com o apoio da Direcção Regional da Juventude, organiza um Workshop de Iniciação à Fotografia, ministrado por Soraia Bettencourt, e que será realizado aos fins-de-semana, na Casa do Sal, em Angra do Heroísmo. Todas as informações disponíveis em:

http://burrademilho.blogspot.com
ou
http://workshopfotografiabdm.blogspot.com

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Voto de Protesto da JS - a questão da criminalização da droga

Os deputados à Assembleia da Juventude Socialista Açores apresentaram esta manhã, na Assembleia Legislativa dos Açores, um voto de protesto contra a intenção da JSD-Açores, e por arrasto, o PSD-Açores, de voltar a criminalizar o consumo de droga.

Assim, a Juventude Socialista Açores abraça esta luta contra a intolerância e a visão estereotipada, retrógrada e acusadora de que um toxicodependente deverá ser tratado como um criminoso, como a JSD/Açores tem vindo a defender com a sua proposta.

Segundo João Goulão, presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência, “ A descriminalização dos consumos foi uma conquista civilizacional coerente com a ideia de que um toxicodependente é um doente e não um delinquente. Se este ante-projecto avançar trata-se de um retrocesso”.

Mais, a argumentação de que os traficantes se mascaram de consumidores para poderem fazer o seu negócio é uma argumentação que, para além de falaciosa, provoca nas pessoas um sentimento de insegurança e de engano de lei que se torna mais tempo argumento de discussão.

É necessário ter muito tacto no tratamento de questões sociais como sejam a toxicodependência, coisa que a JSD/Açores e o PSD/Madeira não têm mostrado terem.

Resta saber se o PSD-Açores tem uma posição oficial sobre esta matéria ou se prefere deixar os seus lacaios tratar do assunto.

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A (des)criminalização dos estupefacientes

A ideia de se voltar a criminalizar o consumo de drogas leves em Portugal volta à discussão depois de a JSD/Terceira assumir a intenção de, à semelhança do que se passa na Madeira, apresentar uma moção ao seu congresso neste sentido. Por seu turno, a deputada do PSD pela Terceira, Carla Bretão, veio publicamente apoiar esta intenção, assumindo talvez uma concordância velada do PSD-Açores. Ao mesmo tempo, o vice-presidente da Comissão de Ilha da JSD publicou um artigo de opinião no qual se mostra não só contra a opinião dos seus colegas de partido como a favor da liberalização das drogas leves.

Não querendo perder tempo a comentar a desarticulação das estruturas políticas sociais-democratas, considero ser esta uma questão suficientemente preocupante e pertinente para nos determos um momento, em especial depois da leitura do confuso texto da deputada social-democrata.

Parece haver uma confusão propositada e conveniente entre os conceitos de «consumidor», «toxicodependente», «tráfico», «consumo» e, mais grave ainda, «droga». Para além da confusão dos termos, há uma vontade de confundir a argumentação para levar a questão ao íntimo das pessoas, ao familiar, aos «que se vêem a braços com este flagelo», apelando desta forma não à racionalidade mas à empatia e subjectividade.

A toxicodependência é, sem dúvida alguma, um problema grave das sociedades, particularmente na nossa açoriana. Que não subsistam dúvidas acerca disto. No entanto, não só a nível técnico como substancial, existem diferenças entre as chamadas drogas «leves» e as drogas «pesadas». A documentação existe em bibliotecas, na Internet e na informação disponibilizada por organismos dedicados a esta questão.

Aceitando ainda, e mal, quem argumente não haver esta diferença (talvez da mesma forma que não haverá diferença entre um café e um cigarro) e que ambas as categorias se referem à ideia de «droga», a verdade é que o consumo de um cigarro de cannabis não pode – nem deve – ser comparável ao consumo de cocaína, por exemplo.

É precisamente aqui que a argumentação se confunde. Para muitos, incluindo os supracitados, o consumo de uma droga leve terá como fim inevitável o consumo de uma droga pesada. Como se fosse impossível conceber o consumo ocasional, não viciado, de uma substância deste género. Para estes, mais cedo ou mais tarde, a desgraça instala-se. Esta linha de raciocínio é seguida como se de uma condição sine qua non se tratasse, revelando no fundo uma argumentação tão enviesada quanto: quem bebe uma cerveja tornar-se-á necessariamente num alcoólico.

O mais preocupante é que, para muitos, falar de droga é falar de uma categoria de droga em geral, abarcando todas as outras de uma forma leviana, irreflectida e ignorante. E estranhamente, este tipo de argumentação acaba por ter grandes adeptos porque não implica a desmistificação e mantém o costume da condenação. É mais confortável, compreende-se.

Outra confusão propositada e, que deriva da anterior, é a de se tomar um consumidor ocasional por um toxicodependente. Este é, como o alcoólico, alguém que necessita de ajuda e de apoio institucional para combater um vício. Esta é a confusão que mais enviesa a discussão desta problemática, uma vez que surge como forma de disseminar uma visão pessoal sobre este tema. É mais confortável e demagógico, entendo, mas faz com que os apoiantes o sejam mais por ignorância e medo do que por consciência informada.

Mais a mais, a questão do tráfico de droga não deve ser resolvido com a revogação de uma lei, tomando como justificação a incapacidade de acção legal das forças policiais. Pelo contrário, ao voltarmos a criminalizar o consumo, regressamos ao passado: as forças policiais vão voltar a perder tempo destrinçando os consumidores dos traficantes e, aí sim, deixam de combater o tráfico de grande consumo, aquele que verdadeiramente destrói lares e indivíduos.

Está na altura de tratarmos os problemas pelo que eles verdadeiramente são e não pelo preconceito que deles adquirimos ao longo da nossa educação. É necessário perceber que a descriminalização do uso de estupefacientes foi um passo em frente no combate à toxicodependência e que o caminho é feito através da educação, do debate e do comprometimento social na resolução deste problema.

A discussão está na rua e espero que, desta vez, os argumentos sejam iluminados e sérios, para que possamos de uma vez por todas olhar o problema da toxicodependência com a clareza de espírito e o sentido social de missão que este problema exige. A ver vamos…

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SMP LX

Um fim-de-semana em Almada, na Pousada da Juventude, a vista sobre o Tejo, do outro lado LX, as docas, Belém, Alcântara, a ponte Oliveira Salazar e a Vasco da Gama, o Castelo e as colinas, o Mosteiro dos Jerónimos, e todo o restante imaginário que me povoa a mente sempre que estou aqui.
Deste lado da margem, olhando a cidade a adormercer, o rio a tornar-se cada vez mais escuro e o céu também, à medida que as luzes vão tomando conta da noite, Llisboa não dorme, e eu cismo em não estar acordado.
Detesto grandes cidades, o reboliço excessivo, os pedintes, a sujidade, a indiferença dos transeuntes, a pobreza, a miséria, a imundice.
Mas gosto de Lisboa, gosto do cheiro a borracha queimada do metro, gosto do reboliço da baixa e da indiferença dos lisboetas, preciso dessa indiferença, dessa altivez. Nada como Lisboa.

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Um Anjo de Filme

Esta noite, de sexta para sábado, vi, na companhia dos meus dois irmãos, um dos melhores filmes que já tive a felicidade de visionar ao longo de toda a minha. Ou se calhar, agora tenho capacidade para dar valor a filmes que, se a tivesse anteriormente, muitos dos que vi na minha vida teriam inevitavelmente outra interpretação. Ou serei apenas eu que, neste momento, me encontro mais susceptível de me apaixonar por um filme destes. Não sei, e estou de mente aberta para qualquer que seja o cenário. Porque, independentemente do que seja, a verdade é que «Angel-a», de Luc Besson, é uma delícia.

Francês, a preto e branco, tendo como pano de fundo a cidade de Paris em toda a sua decadência e maravilha, uma espécie de cidade-fantasma-iluminada, na qual vagueiam projectos humanos decadentes e desconhecidos, e na qual surge um anjo em forma de prostituta para salvar a vida de um pobre desgraçado que vive no submundo parisiense e deve a meio-mundo mais dinheiro do que aquele que alguma vez poderia amealhar.

Uma lição de vida - um pouco paternalista, talvez - mas não obstante singela e doce, a história toca-nos por diversas razões: a singeleza da prostituta-anjo, a ignorância e credulidade do pobre desgraçado, as situações mirabolantes e ao mesmo tempo paradigmáticas neste tipo de narrativa. Tudo isto, aliado à maravilhosa realização de Luc Besson (se não o melhor, pelo menos um dos melhores filmes deste realizador) fazem deste filme um filme a não perder de forma alguma.

Com efeito, um dos filmes a ter guardado na prateleira para se ver na companhia de quem mais gostamos. Até porque, no fundo, esta é uma linda história de amor.






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OS SINTOMAS DA DOENÇA DA JUSTIÇA – as custas judiciais de adopção

A partir de Setembro deste ano, quem quiser adoptar uma criança terá de desembolsar 576 euros para pagar as custas judiciais do processo. Com a entrada em vigor do Regulamento das Custas Processuais, aprovado a de 26 de Fevereiro deste ano, o processo de adopção deixará de beneficiar de isenção de custas judiciais como até agora acontecia. A aplicação destas custas a um processo desta natureza é uma medida não só insensata como até ofensiva para aqueles que são os mais básicos direitos da criança, consagrados na Carta Internacional dos Direitos da Criança.

É uma medida insensata porque ao aplicá-la, o governo português, numa profunda contradição com a sua prática socialista, impõe um entrave artificial à criação de condições favoráveis à constituição de família por parte de casais que, não podendo ter filhos, encontram na adopção a solução ou, tendo possibilidades financeiras e amor suficiente, pretendem acrescentar membros não biológicos ao seu agregado familiar.

É também uma medida ofensiva porque, como se pode ler na Carta Internacional dos Direitos da Criança, toda a criança «que esteja temporária ou definitivamente privada do seu ambiente familiar […] tem direito à protecção e assistência especiais do Estado» sendo que os estados deverão assegurar a tais crianças uma «protecção alternativa». Por «protecção alternativa» é expresso na mesma carta como sendo o direito à adopção. Pois bem, instituindo o estado português o pagamento de custas judiciais para iniciar um processo de adopção, está a dificultar a salvaguarda de um direito fundamental da criança.

É certo que se poderá argumentar que na lei recentemente aplicada se prevê a devolução da totalidade ou parte do dinheiro pago inicialmente e que os casais que têm vontade de adoptar fá-lo-ão independentemente da aplicação ou não de uma custa inicial. Então impõem-se a pergunta, porquê alterar o regime? Se até agora era um dado adquirido e isento de custos para o casal, por que se há-de criar agora uma «taxa» inicial de adopção que, se tudo correr bem, será devolvida ao casal?

Responder-nos-ão que é um artifício (como tantos outros, incluindo cotas e demais entraves) para impedir que se iniciem processos de adopção a «torto e a direito» e que não terão boa conclusão. Exacto. Pois sim. Como se fosse plausível pensar que um casal pudesse acordar num fim-de-semana, sem ter mais nada que fazer senão pensar alto e dizer «olha, amanhã vamos ao tribunal iniciar um processo de adopção só para ver no que é que dá.»

Portugal tem um sistema legal que leva à volta de cinco anos a resolver processos de adopção, com burocracias e despachos e toda a parafernália judicial que parece ter sido criada apenas como forma de selecção daqueles casais que estão «mesmo, mesmo» empenhados na adopção de uma criança. Ou desesperados. Porque os outros, encontrando-se perante toda a chatice burocrática, muitas vezes desistem do processo.

Estamos de novo perante a aplicação de uma lei que tem apenas fins lucrativos para o erário público, à custa, desta vez, de um processo altruísta que, nos demais países, é não só bem-vindo como altamente desejável, uma vez que permite dar às crianças institucionalizadas um lar e uma família que as ame e as nutra durante toda a sua vida.

Infelizmente, o problema em Portugal não são os processos de adopção que não chegam a uma boa demanda ou conclusão. O problema é o sistema judicial português que, para além de lento e medíocre é também altamente burocratizado. Esta lei surge como mais um sintoma de uma doença que se chama Justiça. E o estado português, ao contrário de combater a doença no seu âmago, decide combater os seus sintomas. À boa maneira portuguesa.

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Açorianos

Ok, não foi fácil. Não é, de longe, uma questão de inveja ou outro sentimento mesquinho qualquer mas, até agora, nada do que vi do Luís Filipe Borges me agradou. Desta vez ele surpreendeu. Pena que tenha que usar as suas raízes (ou a falta delas até agora) para fazer um gajo rir. Mas pronto, está porreiro.


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No Rescaldo da Mostra

No passado Sábado, dia 5 de Abril, tal como postei neste blogue, decorreu a Mostra de Vídeo do Programa Criatividade e Criação Artística, da Fundação Calouste Gulbenkian, da responsabilidade da Associação Cultural Burra de Milho. A mostra decorreu na Recreio dos Artistas, às 21h00 e contou com a presença de perto de 50 pessoas.


Embora o espaço não estivesse cheio (era dia de futebol e de rally), as pessoas que lá estavam sabiam que não era preciso estar a sala cheia para o espaço estar composto, acolhedor, um encontro de amigos que decidem partilhar uma sala de cinema com um dvd portátil e um projector de imagem.

E o conteúdo era do melhor: documentários que resultaram do Programa de Criatividade e Apoio à Criação da Fundação.

Da história das pessoas que ainda habitam fantasmagoricamente o espaço que outrora foi a Feira Popular de Lisboa, com todas as suas atracções desfeitas e ferrugentas, os restaurantes fechados, a pobreza, a pobreza de quem nada mais tem a não ser o quintal que fica no vale entre o lixo da cidade e o nada dos terrenos baldios, as pessoas que lavram a terra-de-ninguém dos restos das grandes cidades, nos vales onde outros tomam conta de pombos e pombas para depois serem vendidos e utilizados em grandes concursos, ficar entre os cinquenta primeiros entre centenas de corredores.

Da história de todos os que estão por detrás da Assembleia da República, os vassalos da república, os que verdadeiramente fazem a máquina girar, os que limpam as roldanas e as rodas dentadas, os que mantém as coisas a funcionar, os que são esquecidos a toda a hora quando tudo corre normal ou bem mas são sempre os lembrados de cada vez que algo falha, como falhou a vida do homem que vende modelos de gesso para as senhoras que gostam de ocupar o tempo a pintar qualquer coisa, qualquer coisa que faça com que algo se torne mais belo, mais limpo.

E mais dois documentários que eu não vi. Mas que toda a gente disse que eram maravilhosos.


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A Igreja Católica Perde Terreno para o Islamismo

Pela primeira vez na história pós-nascimento-de-cristo, os católicos não constituem o grupo religioso com mais expressão no mundo. Monsenhor Vittorio Formenti divulgou recentemente os dados que atestam que o grupo religioso mais expressivo é o Muçulmano, com 19.2%, seguido dos católicos com 17.4%.
Ao ler esta notícia na Time, não posso deixar de pensar da fábula da tartaruga e da lebre. Os católicos, como a lebre, relaxados na sua magnificência, deixaram-se ser ultrapassados (e longe de estarmos na recta final) pelos muçulmanos. Este é um indicador bastante claro de que aquele conceito do «católico não praticante» cai completamente por terra quando se vê confrontado com a realidade muçulmana de «muçulmano sempre praticante».
É certo que as minorias religiosas sempre foram mais fortes na manutenção da fé e na intransigência das suas regras. No entanto, o Islamismo está longe de ser considerado uma minoria. Para mal dos pecados ocidentais, o mundo muçulmano está em franca expansão e em força.
Resta saber se, tal como a Igreja Católica, também o Islamismo perderá terreno quando se assumir como vencedor antes do tempo e relaxar na sua até agora intransigente atitude para com a dissidência religiosa.
times they are a-changing

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A Independência da Madeira?

Parece mentira, mas é verdade. Numa entrevista ao DN, o presidente do Clube Desportivo Nacional da Madeira, Rui Alves, faz algumas afirmações dignas de se lerem e preocupantes o suficiente para se repudiarem.

Em primeiro lugar, o considerar que seria possível a Madeira ser independente. Não só o considerar como mera hipótese hipotética (passe o pleonasmo) mas como possível e desejável no futuro. A pensar na Madeira como um caso de país basco ou qualquer outra declaração de independência faz-me pensar seriamente que os madeirenses têm um problema de ego e de afirmação para com o continente e, consequentemente, para todos nós, portugueses que olham para Portugal como um todo.

Em segundo lugar, a afirmação de que há um sentir madeirense e um sentir continental. É claro que a forma de sentir de um continental é diferente da de um ilhéu. Nós também o sentimos nos Açores. Mas daí a fazer um grito do Ipiranga vai uma grande distância que o resto das regiões autónomas talvez não estejam em sintonia.

A terceira afirmação que acho de analisar é a de que toda a gente tem problemas com a língua portuguesa. Não sei que língua é que se fala na Madeira, mas tenho a ideia de ser parecida com a portuguesa. Mas pronto, sendo ele um dirigente desportivo, faz todo o sentido que o cérebro dele não esteja em sintonia com o uso de palavras que não as relacionadas com bolas e balizas. Mas é isso que temos, um conjunto de cabecinhas pensantes que só conseguem raciocinar em monossílabos e semelhantes.

E depois a estupidez de sair do país quando o ditador sair do poder. É normal, sai quem manda, sai quem é mandado, como cãozinho amestrado que é...

Paciência, de novo. É esta a porcaria que grassa em alguns círculos "pensantes" madeirenses.

Ainda bem que sou açoriano.

Deus lhe perdoe a ignorância e a coragem de a demonstrar.


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A (des)responsabilização da indisciplina

No rescaldo da célebre questão da aluna que agrediu a sua professora por causa de um telemóvel, e em resposta ao Procurador-Geral da República, o Bloco de Esquerda mostrou-se completamente contra qualquer tipo de judicialização da indisciplina nas salas de aula.

Pessoalmente, para mim que considerava a Ana Drago um exemplo a seguir, esta tomada de posição veio confirmar a ideia despreocupada e inconsequente do Bloco de Esquerda ao tratar de assuntos de educação, já antevista aquando da proposta de aulas a pares de línguas estrangeiras. O Bloco de Esquerda apresenta um discurso bastante apelativo aos jovens de classe média, que, chateados com o mesmo em todo o mesmo lugar, continuam a pugnar por uma visão utópica da prática. A teoria funciona sempre na discussão intelectual da esquerda-mais-à-esquerda mas revela, em última instância, um desfasamento da realidade deveras preocupante.

O que o Bloco de Esquerda parece esquecer, sob o manto protector das liberdades do indivíduo-estudante, é que há uma franca diferença entre o conceito de «indisciplina» e «crime». Configura-se como «indisciplina» toda a falta de acatamento de decisões do docente, por parte do aluno, assim como manifestações mais impulsivas de discordância e tomadas de posição que deverão, mais que tudo, ser encorajadas como mecanismo de argumentação e de defesa dos direitos básicos dos cidadãos activos e participativos. Não queremos, de forma alguma, alunos estáticos, presos a um conjunto de regras às quais obedecem cegamente, sem poder de discussão nem discordância. Pelo contrário, precisamos formar alunos pensantes, criativos e com poder de decisão e de pensarem pela sua cabeça. Nesta abordagem, são muitas as manifestações por parte dos alunos que poderão ser entendidas pelos docentes como «indisciplina».

Outra coisa completamente é a o «crime» de agressão física e o atentado à integridade física ou moral do docente por parte do aluno. Quando se atinge este patamar de insubordinação já não poderá ser apenas a escola, como defende o Bloco de Esquerda, a tomar o pulso à situação. A escola, como espaço de educação e formação que é, deverá pugnar sempre pela manutenção de um certo «status quo» que permite, senão mais do que, pelo menos a estabilidade da tradição. Mas a escola não pode sobrepor-se ao papel das forças de segurança pública que trabalham no nosso país.

Se um aluno agride um docente, a resposta a esta situação não estará de forma alguma na aplicação de sanções disciplinares dentro do campo escolar, até porque o crime em questão extravasa a comunidade escolar e desemboca num atentado social, altamente reprovável e, como tal, punível civilmente.

Compreendo a argumentação teórica, mas não posso aceitar a expressão prática desta ideia. A escola não é um substituto social. Vive e trabalha em conjunto com a sociedade cá fora e, como tal, quando a questão se impõe a um nível de atentado à liberdade individual, consagrada na Constituição e não num regulamento interno de uma instituição de ensino, então as sanções aplicadas terão de ser de índole social e nunca escolar.

É precisamente por esta separação entre escola-sociedade (à laia da laicização do estado) que permite que uma aluna agrida uma professora (ou vice-versa) e nada lhe aconteça do ponto de vista social.

Que pena, Ana, agora que começava a achar-te diferente...

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A (re)descoberta da frescura da montanha


Como se eu, quando era novo, já tivesse estado numa montanha. Só há pouco tempo, em Tiessen, Suíça, é que tive o prazer de refrescar corpo e mente na água e no ar das montanhas daquele cantão suíço. No entanto,e entretanto, quando era mais pequeno, havia uma bebida que eu gostava mais do que Coca-Cola, Sprite, 7Up e demais Dr Peppers e coisas e tal. Chama-se MOUNTAIN DEW. E só há coisa de uns anitos é que juntei 1 (montanha) + 1 (frescura da madrugada - dew) e percebi que a bebida tinha um significado. Não era como os demais refrigerantes: ela significava qualquer coisa. E significa A Frescura da Madrugada da Montanha. Sempre é melhor que Doutor Pimenta, Cola de Coca ou 7 Para Cima.

Acabei por comprar 12 para matar a sede :-)

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Os Benefícios da Campanha e-escolas/e-professor/e-aluno

Estava em casa a ver as notícias nacionais e regionais, descansado a preparar uma pizza para colocar no forno, quando vi uma promoção da Worten que anunciava um portátil Acer por 399 euros. Oitenta contos, na moeda antiga, para aqueles que, como eu, ainda conseguem perceber o alcance de certos preços quando os comparam com o «antigamente».

E percebi, pela primeira vez, que os benefícios da parceria entre o Governo e a TMN (mais tarde com a Vodafone e outras operadoras) foi muito para além da possibilidade de disponibilizar (por 150 euros + fidelização dos clientes e pagamento de uma mensalidade de internet) computadores portáteis a alunos, professores e escolas. Esta parceria banalizou de tal forma o valor dos computadores portáteis - visto ainda para muitas pessoas como objectos de um certo luxo e que apenas algumas pessoas, dada a especificidade dos seus empregos, podem utilizar diariamente - que obrigou as empresas a baixar os preços ou, pelo menos, a disponibilizar no mercado português computadores portáteis mais acessíveis.

É porque a questão dos portáteis sempre foi a seguinte: porque hei-de eu comprar um computador pelo dobro do preço de um computador de secretária apenas por uma questão de mobilidade? E porque é que os portáteis são sempre topo de gama? Pois bem, graças a esta parceria entre governo e operadoras móveis, podemos finalmente banalizar o uso dos computadores portáteis e, ainda, adquiri-los com as funcionalidades básicas (sim, porque nem todas as pessoas precisam de bombas para fazer edição de vídeo nem fotografia nos portáteis) e a preços bastante apelativos.

Daqui a nada, estamos a comprar e a trocar de portáteis como quem troca de telemóveis :-)

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JSD (Juventude Sem Destino???)

A Juventude Social Democrata, nos últimos meses, tem dado mostras de que existe, algures no espectro político das juventudes partidárias. Ninguém sabe bem o que têm feito, nem quem são os seus membros e quadros, até porque são poucos os que surgem na comunicação social. No entanto, a verdade é que têm aparecido com uma força desmedida, numa sede de protagonismo perfeitamente legítima para quem é oposição e precisa de ganhar notoriedade.

Não obstante, o que a mim me faz confusão é a aparente falta de destino dessa estrutura. As recentes declarações de Cláudio Almeida vêm demonstrar mais uma vez que a JSD não faz a mais pálida ideia do que é fazer-se política de juventude, nem tão pouco oposição.

Pior do que tudo, parece que os laranjinhas estão a seguir copiosamente os passos dos seus dirigentes, especialmente os passos menos positivos. Neste artigo do Correio dos Açores, não só a JSD não apresenta alternativa nem tece considerações relevantes no âmbito do combate à toxicodependência, como também falseia a análise estatística.

No artigo, pode ler-se que «de acordo com o líder dos jovens social-democratas, no último governo regional da responsabilidade do PSD a taxa de reprovação no 12º ano era de 28 por cento, enquanto que dez anos depois, já com o PS no poder, era superior a 50 por cento.»

Vejamos, durante a governação social democrata não havia o modelo de escola inclusa nem o combate ao absentismo escolar que o governo socialista tem (e bem) vindo a defender nos últimos anos. Não havia, nem estava programado, qualquer tipo de programa de inserção de jovens com dificuldades de aprendizagem, nem adequação do currículo às especificidades das turmas heterogéneas. Aliás, se bem nos lembramos, as turmas de nível (apanágio social democrata) provaram falhar em diversos ramos da educação, facto sobejamente demonstrado.

Mais ainda, uma vez que não havia um modelo de escola inclusa como aquele que foi introduzido pelo governo regional socialista, como se pode depreender, numa análise lógico-científica e honesta, havia menos alunos a terem possibilidade de chegar ao 12º ano. Logo, havia menos reprovações. Resta saber se a análise da JSD é uma análise justa e que contempla a diferença de alunos existente entre ambas as governações, ou se é mais uma análise demagógica e oca de outra significação que um pequeno "brilharete" na comunicação social.

Não basta olhar para as estatísticas na busca de uma conclusão previamente delineada. É preciso analisar com justiça, imparcialidade e sentido de responsabilidade na apresentação de alternativas.

Tal como o PSD nacional (e regional), a JSD Açores está a queixar-se sem apresentar qualquer tipo de solução. Assim, também os meus alunos do 7º ano sabem "malhar" no governo.

Paciência. Esperemos mais alguns anos até a laranjinha amadurecer. Até lá...

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O Empreendedorismo como factor de inovação

A globalização da nossa sociedade trouxe consigo uma realidade universal cada vez mais livre dos constrangimentos das fronteiras físicas, ao mesmo tempo que ofereceu uma nova configuração social do conceito de emprego. Hoje em dia é perfeitamente possível um funcionário trabalhar a partir de casa ou até residir num país distinto do do seu patrão, recorrendo para tal às novas tecnologias de informação.

A natureza da oferta deste tipo de serviços, a par de uma actualização das competências e necessidades formativas dos funcionários fez com que emergissem novas áreas económicas e de investimento, também elas em constante mudança e modernização. Desta forma, é indiscutível que a ideia do emprego estável para toda a vida está em falência e que o futuro reside na constante actualização e permanente construção do currículo do empregado.

O caminho em prol da inovação na nossa região passa, portanto, por uma mudança de paradigma daquilo que é o conceito do trabalho a ser desenvolvido pelos funcionários de empresas ou instituições públicas, quer da parte de quem emprega quer da parte de quem é empregado.

As alterações que o governo regional introduziu na função pública estão de acordo com esta nova contextualização do trabalho: já não faz sentido pensar-se num emprego das nove às cinco, de segunda a sexta, e para toda a vida até ao garante da reforma. As dependências mundiais e europeias são de tal ordem que o campo de acção regional passa também pela abertura a novos mercados e a novas realidades económicas.

O empreendedorismo irrompe na senda desta nova realidade como o caminho para a dotação dos jovens de mecanismos e competências que lhes permitirão movimentar-se de uma forma mais fluida e completa nesta nova economia.

No entanto, ser empreendedor não é apenas o vazio teórico-disciplinar de um conceito moderno. Não é nem pode ser uma disciplina estanque que se ensina com um programa rígido e predefinido como currículo escolar, plasmado num conjunto de pressupostos mais ou menos tidos como certos.

Pelo contrário, o conceito de empreendedorismo traduz-se nas múltiplas áreas de acção às quais é transversal, resultando no desejo de inovação, na vontade da criatividade e numa visão moderna que assume a existência do risco não como um impedimento à acção mas como um pressuposto-base da possibilidade de sucesso.

Numa sociedade que promove o empreendedorismo e acalenta o empreendedor não há lugar para a reprovação quando se falha: o falhanço faz parte do risco e é, senão mais do que, a prova de que houve uma tentativa prévia que não deu frutos. O que interessa, no fundo, é a tentativa em si como motor de mudança e a vontade de voltar a tentar como factor de inovação.

Cabe à nossa sociedade a assunção desta nova realidade e a promoção do empreendedorismo como factor de inovação e garante de futuro para os nossos jovens.

É necessário, para tal, estilhaçarem-se os tabus da segurança de um emprego estável, é preciso incentivar à mudança, à visão criativa e ao risco. É imperativo criarem-se condições que permitam os jovens da nossa região apostar nas suas ideias, desenvolvê-las e serem, no fundo empreendedores. E no caso de falharem, é também o papel da sociedade incentivar à nova tentativa, desmotivando a desistência e promovendo a insistência. Só assim se poderá falar de empreendedorismo, de empreendedores e de uma sociedade açoriana verdadeiramente inovadora.

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