O Empreendedorismo como factor de inovação
A globalização da nossa sociedade trouxe consigo uma realidade universal cada vez mais livre dos constrangimentos das fronteiras físicas, ao mesmo tempo que ofereceu uma nova configuração social do conceito de emprego. Hoje em dia é perfeitamente possível um funcionário trabalhar a partir de casa ou até residir num país distinto do do seu patrão, recorrendo para tal às novas tecnologias de informação.
A natureza da oferta deste tipo de serviços, a par de uma actualização das competências e necessidades formativas dos funcionários fez com que emergissem novas áreas económicas e de investimento, também elas em constante mudança e modernização. Desta forma, é indiscutível que a ideia do emprego estável para toda a vida está em falência e que o futuro reside na constante actualização e permanente construção do currículo do empregado.
O caminho em prol da inovação na nossa região passa, portanto, por uma mudança de paradigma daquilo que é o conceito do trabalho a ser desenvolvido pelos funcionários de empresas ou instituições públicas, quer da parte de quem emprega quer da parte de quem é empregado.
As alterações que o governo regional introduziu na função pública estão de acordo com esta nova contextualização do trabalho: já não faz sentido pensar-se num emprego das nove às cinco, de segunda a sexta, e para toda a vida até ao garante da reforma. As dependências mundiais e europeias são de tal ordem que o campo de acção regional passa também pela abertura a novos mercados e a novas realidades económicas.
O empreendedorismo irrompe na senda desta nova realidade como o caminho para a dotação dos jovens de mecanismos e competências que lhes permitirão movimentar-se de uma forma mais fluida e completa nesta nova economia.
No entanto, ser empreendedor não é apenas o vazio teórico-disciplinar de um conceito moderno. Não é nem pode ser uma disciplina estanque que se ensina com um programa rígido e predefinido como currículo escolar, plasmado num conjunto de pressupostos mais ou menos tidos como certos.
Pelo contrário, o conceito de empreendedorismo traduz-se nas múltiplas áreas de acção às quais é transversal, resultando no desejo de inovação, na vontade da criatividade e numa visão moderna que assume a existência do risco não como um impedimento à acção mas como um pressuposto-base da possibilidade de sucesso.
Numa sociedade que promove o empreendedorismo e acalenta o empreendedor não há lugar para a reprovação quando se falha: o falhanço faz parte do risco e é, senão mais do que, a prova de que houve uma tentativa prévia que não deu frutos. O que interessa, no fundo, é a tentativa em si como motor de mudança e a vontade de voltar a tentar como factor de inovação.
Cabe à nossa sociedade a assunção desta nova realidade e a promoção do empreendedorismo como factor de inovação e garante de futuro para os nossos jovens.
É necessário, para tal, estilhaçarem-se os tabus da segurança de um emprego estável, é preciso incentivar à mudança, à visão criativa e ao risco. É imperativo criarem-se condições que permitam os jovens da nossa região apostar nas suas ideias, desenvolvê-las e serem, no fundo empreendedores. E no caso de falharem, é também o papel da sociedade incentivar à nova tentativa, desmotivando a desistência e promovendo a insistência. Só assim se poderá falar de empreendedorismo, de empreendedores e de uma sociedade açoriana verdadeiramente inovadora.
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